sábado, dezembro 02, 2006

13. Crónicas de um Mau Português

Não reuno os pré-requisitos para ser um bom Português. Senão vejamos: em primeiro lugar, não cuspo nem deito lixo para o chão. Claro que o Português também não o faz, atira para o ar, e qualquer coisa estranha atira o lixo e o escarro para o pavimento. Dizem que é a lei da gravidez, mas não acredita... e além disso a culpa é sempre dos outros...

Em segundo lugar, e para espanto de muitos, nunca fui ao Algarve (sim, sou eu...). Conheço Portugal de Norte a Sul, mas nunca passei de Odemira. E sim, continuo vivo. Se calhar até para os Ingleses e Alemães devo ser um fenómeno.

Em terceiro lugar, e também para espanto de muitos, e a falha mais grave apontada, é o facto de ligar pouco ao futebol. Enquanto que o Português médio sabe todas as estatísticas sobre todas as equipas desde a super-liga até ao campeonato regional. É genético. O interesse pela bola varia consoante o interesse dos próprios pais (e não digo aqui "pai", porque existem mulher doidas pela bola, poucas, é certo, mas é como dizem das bruxas, "pero que las ay, ay...").

Sou Benfiquista porque desde a escola ficou bem claro que perderia precocemente os dentes caso não fosse de uma equipa qualquer, alinhando pela claque mariquinhas. Mais por isso do que por outra coisa quaquer, escolhi uma equipa do cardápio - naturalmente a que estava a ganhar o campeonato. Se repararmos coneguimos à partida definir a opção clubistica de alguém pelo seu escalão etário ( a ser verdade, o Benfica arrisca-se a ser um clube do 8 e dos 88 anos).

Vou contar as minhas idas ao futebol. Aquilo que encheria várias bíblias no português dito "normal", no meu caso resumen-se a 2 parágrafos.

Fui a primeira vez ao futebol ao velhinho estádio da luz, Benfica - F.C.P., Super-taça Cândido de Oliveira. Fomos numa carrinha de emigrantes, eramos 13, eu devia andar pelos meus 15 anos. Estacionámos a carrinha em frente ao estádio e como bons portugueses "abancámos" ali mesmo. Puxámos de um assador de 4 pernas ao qual faltava a 4ª perna e que por isso equilibramos em cima de uma pedra e escolhemos uma vítima para assar as ditas febras. Tudo correu bem enquanto o tipo encarregado de vigiar o assador não virou costas. Assim que o fez o assador tombou e como a relva estava seca pegou fogo de imediato. Cena seguinte, todos feitos malucos para impedir que o fogo chegasse aos outros carros.

Outras impressões desse dia: a grandiosidade do estádio, um maluquinho do Porto sentado no meio da claque do Benfica que se levantava aos berros sempre que o Porto partia para o ataque (havia formas mais simpáticas de cometer suícidio, mas aquilo era para a Super-taça, pelo que era a feijões). No fim ajudámos uma senhora a sair do parque de estacionamento. Pegando literalmente no carro em mãos, com a senhora lá dentro. Neste momento ela deve estar a contar a experiência no seu próprio blog (ou talvez não, é capaz de haver coisas mais interessantes para fazer a esta hora, como dormir).

Na minha segunda ida, o destino foi o estádio novo do Braga, com o meu patrão acompanhado pelo pai e um amigo, ambos com problemas de saúde. Já não consegui ficar em frente ao estádio, mas sim a quase 2 Km de distância, mas havia outras diferenças nítidas. A primeira é que o estádio do Braga não tem a oponência do estádio da luz. Falem o que falarem, mas o estádio é feio e não proporciona um bom espectáculo. Original talvez seja. Depois tivemos de subir quase um monte todo até chegarmos à entrada.

A parte hilariante foi que na descida, com milhares de pessoas a descer, deixei cair a chave do carro no caminho. Como sempre, uma pessoa só sabe das más notícias no fim, quando cheguei ao carro que tinha ficado quase a 2 km. Voltei para trás (e neste momento o pessoal já tinha ido todo embora), encontrei a chave no caminho por onde tinham passado quase 20000 pessoas e voltei para trás outros 2 km. Ainda dizem que assistir a jogos de futebol não cansa, safa!