domingo, setembro 30, 2007

74. Fica bem, Benfica, fica bem...

Notícia bombástica de hoje, ainda mais bombástica do que ver os carros a boiar em Lisboa. O Benfica vai dar dinheiro aos Benfiquistas através do novo cartão de crédito - 10 Euros por cada golo marcado. Isto é uma opção corajosa, porque podiam ter escolhido dar dinheiro por cada vitória, o que era mais simples - dada a prestação na liga, era garantido que só precisavam creditar dinheiro de 3 em 3 semanas...

73. SMS (Parte 2)

Algum puto enviou uma mensagem para o meu telemóvel, que não resisto a pôr aqui:

Ola kapact td bem kntg?Ja andx n excol?Mek

O que acho fantastico é saber utilizar a pontuação e a Maiuscula no ínicio das frases. O mundo ainda nao está perdido (mas anda lá perto)....

quarta-feira, setembro 26, 2007

72. Petro-doláres

Andava eu desatinado à procura de um tema para blogar antes de ir para a cama quando encontro esta pérola que não resisto a partilhar: "Presidente da Galp afirma que os preços dos combustíveis são mais baratos no nosso país do que em Espanha". Tive de ler isto várias vezes para ver se no fim não vinha assinado pelo Ricardo Araújo Pereira dos Gato Fedorento. Mas não, era a sério. Na Galp pagamos menos pelos combustíveis do que em Espanha. Isto se fizermos a comparação dos preços como deve ser "líquidos de impostos e aplicando descontos".

Fiquei sem palavras. Snif... E ganha o Sr. Presidente o que ganha para vir a público dizer estas baboseiras. Contratem-me a mim, senhores do Conselho de Administração da GALP, que levo de certeza menos e com mais imaginação nas baboseiras.

Faz-me lembrar o Director Geral de um organismo para o qual trabalhei, e que foi dizer para a televisão que os fumos que saiam das chaminés das incineradoras dos resíduos hospitalares eram brancos "Brancos mais brancos não há!", afirmou ele, imitando um reclame de um detergente muito em voga na altura. Tenho que verificar se não estaremos a falar da mesma pessoa...

terça-feira, setembro 25, 2007

71. Exorcismo dos fantasmas do Liceu

Há que exorcizar fantasmas antigos, a começar pelo Liceu. Ou melhor, pelo agora chamado 3º ciclo do ensino básico, que vai desde o 7º ano ao 9º ano.

Pelo que lá passei, creio que só existem três tipos de alunos.

Os primeiros são os chamados arruaceiros. Tipos de vivem o Liceu apenas para provocarem os outros e testarem os seus limites (como a força dos seus punhos e a resistência dos seus narizes).
Na maior parte das vezes terminam delinquentes.

Os segundos são aqueles que têm algum estilo e que não se metem com os outros. A vantagem destes é que os ditos Arruaceiros não se metem com eles. Na maior parte das vezes transformam-se em funcionários públicos.

Os terceiros são aqueles que não ligam nenhuma ao estilo, nem têm vontade nenhuma de se meterem em confusões. Invariavelmente são chamados totós. Na maior parte das vezes são gente talentosa, podre de rica (eu sou a honrosa excepção - infelizmente).

Enquadrando-me no terceiro grupo, nunca consegui compreender os tipos do primeiro grupo. Não entendia o fascínio que tinham em provocar os professores. Lembro-me que um dia colocámos uma minhoca na fechadura da sala. Não contentes com a façanha, alguém achou por bém pegar-lhe fogo com um isqueiro.

Outra vez pegaram em gafanhotos e deitaram-nos na sala de aula (esta teve alguma piada).

Os recreios tornavam-se invariavelmente um tormento. Pegavam por exemplo, no facto de eu não dizer palavrões. Era um ponto de honra e mantive-o, mesmo quando eles me metiam abelhas pela t-shirt dentro. Hoje em dia digo palavrões com fartura, e gosto dessa liberdade que aprendi na Universidade (isso e a cerveja).

E se isso era assim nesse tempo, onde ainda havia algum respeito pelos professores, imagino agora, quando o professor tem a autoridade de um boneco de trapos.

Tenho portanto um dilema. A minha filha está a terminar o 4º ano do chamado Ensino Básico e vejo a situação da educação no nosso país crítica.

Primeiro temos as estruturas do ensino. Cada vez mais se fecham escolas que obrigam a concentrar os alunos em escolas mais afastadas. Não vejo é como isto pode melhorar a situação dos professores no desemprego nem a desertificação das zonas interiores. Só espero é que alguém tenha pensado bem nos problema de transportes.

Em segundo lugar temos um professor com pouca formação para lidar com os jovens acelerados de hoje e fazer notar a sua autoridade. Os professores têm vínculos precários, sentem-se desprotegidos. Tudo isto gera stress que só piora a situação.

Em terceiro lugar temos os programas extremamente extensos. Ainda agora vi o livro da minha filha que tinha conteúdos ao nível da Saúde que se dava no 9º ano. Para quê?

É preferível haver programas menos extensos - quem quer ter conhecimentos específicos numa determinada área tem os cursos profissionais ou a Universidade. Não há necessidade nenhuma, a meu ver, de carregar os jovens desta forma.

A vantagem de haver programas menos extensos era o facto de se poder dar melhor áreas chave.

Existem dois grandes problemas na escola. Dois problemas crónicos - a Matemática e o Português.

A Matemática é um conhecimento contínuo, uma aventura, não um conjunto de fórmulas que se mete numa cábula. Um dia dei explicações a uma vizinha. Aliás, dei UMA explicação a uma vizinha sobre um determinado assunto da matemática. Mas aquilo que lhe disse foi como estruturar o seu pensamento para chegar à solução. Ainda hoje ela disse que aquilo que tinha dito tinha sido importante na forma como via a Matemática.

O Português é outro quebra-cabeças. Não adianta tentar ensinar os Lusíadas ou os Maias a quem não consegue escrever duas linhas. Não ajuda os crânios do Ministério quererem mudar tudo de um momento para o outro com a tristemente célebre TLEBS (Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário). O problema não é esse. É como ensinar Cálculo Diferencial a crianças de 10 anos.

E depois, quem não se dá bem com o Ensino, opta invariavelmente pelo ensino Profissional. Onde vão parar alunos que, sabendo que podem sempre optar por essa via, não se esforçam para conseguir as mínimas bases. Os professores do Ensino Profissional, apanham com dois tipos de alunos diferentes: aqueles que deixaram o liceu e que sem bases nenhumas optam pela via mais fácil, e os que querem começar a trabalhar rapidamente, e que querem, genuinamente, aprender.

Porque é a chave de todo o processo - os nossos filhos estão ali para aprender. Não são o tubo de ensaio de meia duzia que definem as linhas mestras da educação. Não merecem ter confusões todos os anos com os concursos, não merecem ter professores desmotivados. Não merecem passar de ano sem estar bem preparados.

E nós, enquanto pais, não merecemos tanta incerteza no futuro dos nossos filhos.

70. Não há (dois) sem três

E depois do Filipe e da Ana, o primeiro produto completamente luso, enquanto que a mãe da Ana é Inglesa, temos a Mia Rose, outro fenómeno do You Tube. Linda de morrer, tem pai inglês e mãe Portuguesa. É modelo e tem uma voz fabulosa.

O problema é que enquanto no caso do Filipe tudo é genuíno, as nossas duas amigas do You Tube estão rodeadas de alguns mistérios.

O primeiro é, se as duas têm pelo menos o pai ou a mãe de nacionalidade Inglesa, porque têm nomes completamente portugueses as duas? Se só cantam em Inglês, se dizem estar em Inglaterra, se dizem ter progenitores com as duas nacionalidades, porque é que só têm nomes portugueses?

Depois existe um facto relatado num blog brasileiro. Pelo que eles afirmam, alguém no You Tube está a vigarizar as votações e as contagens de visualizações dos videos. Mas isto pode ser apenas a chamada dor de cotovelo, porque as duas míudas estão a ter um sucesso fantástico.

É só procurar Mia Rose no YouTube. E chorar por mais...

segunda-feira, setembro 24, 2007

69. Tugas por aí

Já não é de agora. Os tugas só lá fora é que conseguem brilhar, como se este pedacito de terra no canto inferior esquerdo da Europa não fosse suficiente. E é verdade. Não é nem nunca foi suficiente - o que vale é que por vezes um ou outro sai do caminho e persegue o sonho e a ambição.

Dois casos disso: Filipe Morato Gomes e Ana Gomes Ferreira.

Do primeiro já falei neste blog. Deixou o emprego que tinha como programador e lançou-se como viajante independente e correspondente da coluna Fugas para o jornal "O público". Passou catorze meses na estrada, partindo do Porto, atravessando a Ásia, Oceania e América. No fim voltou ao Porto, como se de um verdadeiro porto de abrigo se tratasse e colocou tudo num livro emocionante onde reune fotos e textos sublimes.

Mais do que um simples livro de viagens, onde se retrata o que se viu no caminho, Filipe retrata as almas das gentes - o ambiente simples de uma família da Mongólia, a luta de um homem cujo trabalho é desminar campos com os pés, o suor dos mineiros Bolivianos, a dor dos familiares das vítimas do Tsunami.

Em cada paragem, a procura incessante de um ponto de internet para o envio das suas crónicas e fotografias.

Vinda da Internet, temos Ana Gomes Ferreira, Portuguesa de 19 anos a viver na Inglaterra e cujos vídeos estão entre os mais populares do You Tube. A sua voz e uma viola. Simples e sincero. Vi um video à menos de meia hora e achei importante incluí-la aqui.

São dois viajantes que decidiram sair do ninho e ir mais longe. Afinal, uma fronteira é apenas uma linha no mapa da vida.

domingo, setembro 23, 2007

68. Adeus, Pedro

Era uma figurinha discreta no meio cómico português. Aparecia regularmente na televisão enquanto que no cinema fez o "dot.com", tendo sempre críticas bastante favoráveis.

Devido a um problema de saúde, Pedro Alpiarça estava desempregado. Um tratamento com base em cortisona agravou-lhe o estado depressivo, tendo-se suicidado na semana passada, atirando-se de um quinto andar do hospital Stª. Marta, em Lisboa.

Quando é que o estado Português acorda para a necessidade de proteger os artistas nacionais, que não fizeram outra coisa do que seguir o seu talento? Bastavam 500 metros do TGV para garantir todos os artistas portugueses por três gerações...

67. O terceiro mamilo de Silvia Alberto

Perdi ontem algum tempo a ver a Operação Triunfo. Em primeiro lugar chamou-me a atenção a genuinidade e beleza da grande Sílvia Alberto (só percebi muito mais tarde que raio era aquilo que lhe saía do vestido e que parecia um mamilo - um mísero microfone que teimava em sair nos piores momentos).

Mas pronto, foi bom ver tanto talento reunido, desde os músicos aos bailarinos, passando pela apresentadora e pelo júri. Em relação à edição anterior da operação Triunfo, notei um maior respeito pelos jovens talentos - já é dificil estarem alí a abdicar de tanta coisa para serem achincalhados em directo.

Chamou-me a atenção a bracarense Sara, que abdicou do segundo ano de medicina para estar alí e seguir o seu Sonho. Como recompensa o júri mandou-a para casa, sendo posteriormente "repescada" pelo público. Um pormenor - era talvez o único elemento que não tinha os pais no público.

Porque se trata de um sonho. Talento já têm. O vencedor do concurso leva para casa um valor em dinheiro e a gravação de um disco.

E mesmo que ganhem, mesmo que se tornem músicos profissionais, vão ter de viver no meio artístico nacional. Sendo músicos é possível que, fazendo as escolhas correctas, se safem, mas não é um caminho fácil.

sábado, setembro 22, 2007

66. Futebolito-tuga

Na semana passada, sete equipas portuguesas estiveram presentes nas competições europeias, vindo daí seis derrotas e um empate, pelo que as más línguas indicam como tendo sido uma "semana negra".

Eu, que não sou nem nunca fui um adepto atento, tenho outra opinião. Todos os jogos à excepção do Leiria e do Porto, foram perdidos pela margem mínima, com golos sofridos nos últimos momentos da partida. Nenhuma equipa sofreu aquilo que se denominava de "humilhante derrota", mas deram luta que os adversários não esperavam. Estivemos muito perto de vermos os gigantes europeus a cairem aos pés dos tugas, muito menos habituados a jogar aquele nível por força do Campeonato Português ser declaradamente "pobrezito".

Portanto, fizemos uma boa figura, demos luta aos melhores, não merecemos o epíteto de "semana negra". Afinal, "quase" fizemos um brilharete...

É pena que no futebol só o resultado final conte. Não interessa que os nossos rapazes tenham jogado bem durante 89 minutos. O que interessa, o que fica nas estatísticas, é aquele minuto em que o outro jogador adversário consegue a proeza de encontrar o buraco aberto para a baliza.

65. Poesia higiénica

Li a seguinte frase no champô da minha esposa:

"Descubra o prazer de uma textura cremosa, untuosa e fundente."

Com tanta poesia, não ficarei minimamente surpreendido se vir uma estrofe dos Lusíadas numa embalagem de sabonete...

terça-feira, setembro 18, 2007

64. A Norte nada de novo

Monção hoje estava cheia de polícia, brigada territorial, brigada de trânsito, etc.. Parecia que estavamos em estado de sítio, num Iraque qualquer. As pessoas, sabendo que a brigada de trânsito estava a multar a torto e a direito, estavam tensas. Fugiam pelos caminhos mais longos para evitar a polícia, Um homem parou o carro perto de um ecoponto para deitar fora garrafas (what else?...) , e não saiu sem antes pôr o colete.

Vive-se um clima de tensão, muita gente sente receio infundado de encontrar a polícia, como se algo muito profundo na nossa sociedade, revelando uma incompatibilidade histórica com a autoridade. Se não devemos não tememos, mas tememos esquecer-nos de algo que um polícia menos compreensivo pode pegar. Vivemos num país de regras, tantas que duvido que haja alguém que as saiba todas, tal como duvido que haja alguém que as cumpra na íntegra - mesmo os próprios legisladores.

Não nos podemos esquecer que a autoridade existe para manter a ordem e fazer cumprir as leis, as mesmas leis que fazem com que a sociedade funcione.

Dizem as más línguas que a estranha afluência policial em Monção se devia ao facto de um dia antes um condutor ter agredido dois agentes numa operação stop. Depois de ter abalroado o carro da patrulha e depois dos GNR terem ido atrás dele. O fulano era de tal forma que foram necessários seis para resolver a questão.

63. Teimosia selvagem

O cúmulo da teimosia aconteceu na minha vida há dois anos, bem no fim do verão. Curiosamente, deve ser também o cúmulo da estupidez, mas neste sector ainda há muito campo para explorar.

Costumavamos ir para uma praia pouco frequentada nos Pisões. Era um sítio calmo, conhecido apenas pelos pescadores. Naquele ano eu e um dos meus cunhados apontámos um determinado fim-de-semana para levar as tendas e passar lá a noite. Depois de muitos planos, chegou o dia e vimos que estava um bocado de vento, mas nada que impedisse a aventura - afinal tinhamos preparado aquilo há tanto tempo que não seria uma "brisazita" que iria estragar tudo. Afinal, o tempo poderia melhorar de um momento para o outro.

Animados por este pensamento, lá fomos. Dois carros, duas tendas, duas crianças e quatro adultos (dizem as más línguas que eram na realidade seis crianças, mas isso é outra história).

Chegámos, e começámos de imediato a montar as tendas. A famosa "brisazita" tinha-se transformado em temporal que ameaçava levar tudo pelos ares, deformando as tendas e obrigando-nos a por pesos em tudo o que poderia voar. Pusemos os dois carros ao lado das tendas para abrigar alguma coisa do vento e passámos uma boa meia hora a estender um oleado por cima das tendas, para proteger do sol do dia seguinte.

Passo seguinte, fazer o jantar - frango de cabidela. Fabulosos esforços da minha cunhada para impedir que o lume se apagasse no meio do vendaval. E nós ali no meio do vendaval, esfomeados, cansados pela luta contra o vento, tentando esquecer o frio e o vento que batia contra as tendas e tentava levantar o oleado.

Pensavamos todos que o pior tinha passado, mas a natureza é imprevisível. A cerca de um quilómetro, por trás do monte que ficava por trás da estrada nacional começava um incêndio.

Lembro-me de ouvir o meu cunhado comentar "aquilo nunca chega cá". Mas o fumo passou a chamas que desciam o monte, puxados pelo veto que soprava na nossa direcção. Mesmo assim decidimos ficar, à espera do pito.

Só ficámos realmente assustados quando o fumo começou a ir todo na nossa direcção. Nessa altura desmontámos de qualquer maneira as tendas que tinhamos demorado quase uma hora a montar. Dobrámos o oleado, o que seria uma operação simples se o vento não tentasse transformá-lo numa vela negra. Para o impedir a minha mulher pôs-se cima do oleado, que mesmo assim, e numa rabanada mais forte a atirou ao ar, aterrando a dois metros de distância (a bem dizer, foi o baptismo de vôo - e ficou com nódoas negras para o provar...).

Depois de tudo arrumado à pressa nos carros, a minha mulher pôs o panelão da cabidela ainda a ferver entre as pernas e fugimos em direcção a Amares.

Prólogo

No fim de semana seguinte o meu cunhado voltou a essa praia, constatando que o fogo tinha galgado a estrada e chegado ao sítio onde nós tinhamos tentado acampar.

Ou seja, até mesmo no campismos selvagem, o crime não compensa...

domingo, setembro 16, 2007

62. Chocolate

Aconteceu esta semana. Estava a chegar às instalações de um cliente quando pára uma carrinha de uma transportadora. Sai um rapaz que me pergunta se podia entregar um pacote na recepção, dirigido a um funcionário. Eu aceitei. Peguei no pacote, que devia ter 40x30 e pesar 300g, dei o meu nome e vi-o a seguir o seu caminho. Abanei o pacote para ver se tinha bomba mas não ouvi nada. Entrei e deixei o pacote na recepção. E esqueci-me completamente daquilo tudo. Era um pacote, eu fiz um favor simples, mas uma hora depois o meu nome e o do funcionário estava nas bocas do mundo. Ou pelo menos da empresa.

A razão era simples. Era o aniversário do funcionário. Cega de amor, a esposa tinha decidido enviar uma barra de chocolate para ele. Em vez de "cega", podemos mudar para "mentalmente paralisada", porque, se em vez de uma barra de chocolate tivesse enviado uma bomba, duvido que os estragos fossem menores.

Pelo menos na minha reputação.

61. Golfinhos nas dunas (parte 1)

Ele há coisas que não lembram o diabo, costuma dizer-se e com razão. Por outro lado, quem se arrisca nas dunas pode encontrar coisas estranhas, já dizia Rui Reininho.

Na minha adolescência passava o mês de Julho em Ofir. Tinha uma boa praia, com um bom pinhal. Andava quilómetros na praia.

Depois passaram-se anos sem lá ir. No outro fim de semana, aproveitando o facto de o tempo de Setembro estar o que Agosto não esteve, resolvemos ir para lá.

Depois do almoço, para digerir a humilhação de ter sido roubado no restaurante, fomos dar um passeio pela praia, em direcção à foz. A meio do caminho resolvi mostrar o estuário, pelo que atravessámos as dunas e percorremos a passagem de madeira até ao miradouro. A vista devia ser fantástica, não fosse a porcaria do nevoeiro que teimou em ficar todo o dia.

Depois voltámos para trás, saímos da passagem de madeira (o que não deve ser permitido, mas pronto) e atravessámos as dunas em direcção à praia. A meio caminho estava um cadáver de um animal, já em esqueleto, que a Manuela identificou como sendo uma gaivota e seguiu caminho para a praia, com as crianças.

Eu fiquei. Gaivota uma ova... O esqueleto tinha cerca de metro e meio, o crâneo terminava em bico, com vestigios de dentes a meio, a coluna vertebral estendia-se até ao fim, com vértebras finas e pouco espaçadas.

Identifiquei-o como sendo uma cria de golfinho, que deve ter dado à costa e que alguém puxou para a duna.

A cinquenta metros uma família com crianças estava deitada ao sol.

Em que país estamos quando uma coisa destas se deixa estar a apodrecer ao sol, numa zona frequentada por banhistas? Já tirei o número da capitania do porto de Viana do Castelo, e vou ver o que respondem.

60. Ambulância

Faleceu ontem no Hospital de Ponte de Lima Adriano Pereira, de 54 anos, por paragem cardíaca. Os familiares alegam que a ambulância tinha estado retida na A28 pela Brigada de Trânsito para efectuar teste de alcoolémia ao condutor - e que isto demorou 20 minutos o que teria sido fatal para o paciente. Deixa filha de 15 anos deficiente mental.

Esta é a noticia tal como está no site da TVI. Desta forma é fácil acusar a BT. Os factos estão todos contra eles e desta forma é fácil manipular a opinião pública.

Mas os outros jornais online contam outros factos que a TVI omitiu por desconhecimento ou por achar irrelevantes. O principal é o facto do relatório da BT apontar para 7 minutos o tempo entre a operação stop e a entrada no hospital - tempo bastante razoável, na minha opinião de conhecedor da estrada em causa. Depois aponta para a morte do senhor para uma hora e meia depois de ter dado entrada no hospital.

Ou seja, alguém mente quanto aos tempos em que esteve retida a ambulância.

Um último facto que a TVI omitiu: a ambulância não tinha suporte de vida. Ou seja, com ou sem paragem "forçada", um doente com problemas cardíacos nunca deveria ser transportado naquela ambulância, e o simples facto de o ter feito é sinal de desespero e uma boa métrica para o estado da saúde neste país.

59. Anedota S1

Corre esta anedota no circuito e-mail. Vamos lá testar se estamos num país livre...

"Um homem encontra outro que estava a fazer um peditório. Ao que parece, Socrates tinha sido raptado e os raptores estavam a pedir o resgate, caso contrário regavam-no com gasolina e ateavam-lhe fogo.

- E quanto é que costumam dar? - perguntou o primeiro.

- Bem, - respondeu o segundo - entre 5 a 10 litros...

"