segunda-feira, abril 23, 2007

38. Bombástico!

Num era de mediocridade, estamos de estar atentos a tudo o que sobressai, sob pena de chegarmos ao fim da década e de respondermos com um encolher de ombros aos putos da altura que nos perguntarem sobre como foi esta década. Um bocado como os anos noventa. O que foi a melhor coisa que aconteceu nos anos noventa? Só o início do revivalismo dos "loucos" anos 80, anos em que começamos realmente a gozar a nossa liberdade.

Vem isto a propósito do programa dos Gato Fedorento que deu no domingo, e em especial uma rábula sobre o "Dr. House", onde debatiam o caso do joelho do Mantorras. Ou seja, de uma assentada, quatro coisas de que gosto ou que me dizem muito:

  • Gato Fedorento, quatro corajosos que lutam contra o tempo e contra o marasmo deste país. É um trabalho sujo fazer rir, mas alguém tem de o fazer. E da forma que o estão a fazer é bem possível que lhes faça mal à saúde.
  • Dr.House, porque é uma série bem escrita que tem o equilibrio em todas as frentes.
  • Humor, porque a vida não é só tristezas.
  • Benfica, porque gosto de sofrer todos os anos, sei lá.

No fim da rábula, sugeriram "provocar um aborto histérico" na eventual "gravidez histérica" do Mantorras, e quando iam a iniciar o "tratamento" recebem um telefonema a relatar que o cartão da "Médis Angolana" já não era válido no nosso país.



domingo, abril 22, 2007

37. Grafittis e consumismo

Fui passar o fim de semana a Lisboa. Algo que faço com alguma regularidade para desenjoar da "nortalidade". De tudo o que vi ficaram-me duas imagens muito vincadas.

A primeira tem a ver com a quantidade enorme de grafittis que existe em tudo o que é lado. E o pior é que ninguém se lembra de dizer, antes que não fique uma parede de um monumento por estragar, que aquilo é crime. À alguns anos aconteceu a mesma coisa, mas houve uma campanha televisiva que mostrou que não se devia fazer, e a coisa acalmou, agora, só porque numa dessas séries que ninguém vê mas todos sabem, um puto fazia grafittis, pimba! Tudo o que é parede já está sarrabiscada. Ou então aprendam a fazê-lo bem.

A segunda coisa que guardei na memória foi a resposta que uma mãe deu à filha que queria que lhe comprasse qualquer coisa: "Ora, a menina não seja consumista!". A miuda não teria mais de quatro ou cinco anos, e para ela vai a minha mensagem de apoio. Com respostas destas não admira que as pessoas se tornem psicopatas...

sexta-feira, abril 20, 2007

36. Pânico na Universidade

Esta semana foi notícia o massacre perpetrado na Universidade Técnica da Virginia por um estudante de Inglês, de origem Sul-Coreana. O rapaz que se suicidou após ter matado 32 alunos e professores, começou por matar dois alunos na residência universitária, depois ainda teve tempo para ir aos correios enviar um conjunto de vídeos e fotografias à NBC e posteriormente dirigiu-se à universidade para continuar a matança.

Tudo indica que o rapaz sofria de problemas mentais e que tinha dificuldade em se relacionar com os demais, fruto da sua condição de estrangeiro e do seu pouco domínio da língua. Por alguma razão estava a estudar inglês. O mal deste caso em concreto reside no facto dos colegas o perseguirem activamente.

Pergunta:

Que sociedade é que permite que alguém com problemas mentais já identificados possa comprar armas?

Tendo ele indicado no material que enviou à NBC uma referência ao tristemente célebre massacre de Columbine, e brilhantemente retratado pelo documentário de Moore, significa que vai haver alguém que tentará ultrapassar o massacre de Vírginia?

Porque carga de água é que apareceram em todos os jornais a fotografia dele empunhando as duas armas?

Pondo de lado a hipótese de ter usado um suporte, quem tirou esta fotografia?

E quando é que os Estados Unidos aprendem que com armas não se brinca?

Estou mesmo a ver o diálogo que o puto teve com a pessoa que lhe vendeu as armas. Deve ter sido algo como:

- Bom dia, pretendia comprar uma arma.

- Sim senhor, é para defesa pessoal, caça ou massacre.

- Massacre.

- Pois muito bem. Para massacre tenho estas muito boas. Estão em promoção. Pelo preço de uma leva duas. E pensa suicidar-se no fim?

- Ah...sim...

- Então se não se importa o pagamento terá de ser feito em dinheiro. Ordens do patrão.

- Com certeza. E já agora o senhor não se importava de me tirar uma fotografia com as armas? É para mandar para a minha mãezinha...

terça-feira, abril 10, 2007

35. Páscoa

Nunca liguei muito à Páscoa, mas este ano foi especialmente morta. Poderiamos pensar que isso tivesse a ver com a perda das tradições, mas não. Grande parte das pessoas da minha freguesia, em resposta à polémica do padre que comprou um carro de grande cilindrada, não abriu a porta ao compasso.

O pároco de uma freguesia vizinha tem um BMW, mas isso não é notícia, porque hoje em dia ter um BMW já se tornou um facto banalizado...

34. Sacristão

Vou contar uma anedota que ouvi este fim-de-semana, e que é aparentada com uma anedota similar que corre pela net sobre um funcionário da Microsoft...

Era uma vez um sacristão que era muito bom sacristão, até ao dia em que lhe dizem que tinha saído uma lei que só permitia sacristãos com a 4ª classe. O nosso bom homem deixou então de ser sacristão e procurou outro trabalho. Perto da igreja é abordado por um índividuo que lhe perguntou se sabia onde havia uma tabacaria, ao que o sacristão indicou a tabacaria mais próxima, que ficava bastante longe. Tem uma ideia brilhante. Podia ser um bom negócio montar perto da igreja uma tabacaria. Pegou nas suas economias e abriu uma tabacaria, que teve tanto sucesso que passado pouco tempo ele desatou a abrir tabacarias, todas próximas de Igrejas para servir o pessoal que ía à missa.

Um dia foi entrevistado pela televisão, que lhe perguntou "se mesmo não tendo a 4ª classe, o que seria ele se a tivesse"?

Ao que ele respondeu "Se tivesse a 4ª classe seria sacristão".

sexta-feira, abril 06, 2007

33. Insensibilidade

Deu na passada quinta-feira, a horas impróprias como é hábito, mais um episódio do Dr. House. Sendo completamente fanático pela série estou sempre na dúvida entre o perder um episódio e estar bem disposto na sexta-feira de manhã. Desta vez o episódio centrou-se numa adolescente com uma doença que se denomina por Congenital insensitivity to pain with anhidrosis (CIPA). A CIPA faz com que as pessoas não consigam sentir dor nem diferenças de temperatura. Pelos vistos existem apenas 60 doentes nos Estados Unidados.

E pelo menos um caso em Portugal. Em Lisboa trabalhei com uma senhora que não conseguia sentir dor. Quando tinha de ir ao dentista, nem sequer precisava de anestesia (será que pagava menos por isso?). Segundo dizia ela, não conseguia sentir dor, apenas tonturas. O mais interessante neste caso era o apelido da senhora: "Dores".

Tem tudo a ver...

terça-feira, abril 03, 2007

32. India

Para quem se interessa minimamente pela religião, não pode deixar de visitar o site www.tombofjesus.com, onde encontramos uma série de provas documentais da presença de Jesus na Índia logo a seguir à crucificação. Brutal.

segunda-feira, abril 02, 2007

31. Padre a alta velocidade

Estava-me a preparar para falar sobre a semana santa quando rebenta a bomba. O padre da minha freguesia anda, ou melhor, corre na boca do mundo. A história é simples, sendo padre de três paróquias, o Pe. António Rodrigues tem frequentemente de correr de missa para missa, pelo que decidiu comprar um carro adequado, um Ford Fiesta 200 ST. A associação de cidadãos auto-mobilizados decidiu queixar-se ao mais alto nível, enviando um comunicado às mais altas instâncias da Igreja, entre eles Bento XVI. Se for verdade que ele corre na A25, é, a meu ver grave, mas fora isso só demonstra ser um homem como os outros.

Não resisto a colocar aqui o comunicado que pode ser encontrado em www.aca-m.com

Comunicado de 2007/03/22

Face às notícias surgidas na imprensa de ontem sobre o comportamento rodoviário anti-social de um pároco de Santa Comba Dão, a direcção da ACA-M decidiu dirigir-se ao Papa Bento XVI, à Conferencia Episcopal portuguesa e ao Arcebispo de Viseu, pedindo à hierarquia eclesiástica que ajude aquele sacerdote a exorcizar o seu desmedido prazer pela velocidade que a potência do seu Ford Fiesta 200 ST lhe permite atingir.

A Sua Santidade o Papa Bento XVI
Sumo Pontífice da Igreja Católica


A Sua Eminência Reverendíssima Dom Jorge da Costa Ortiga,
Arcebispo de Braga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa


A Sua Eminência Reverendíssima Dom Alfio Rapisarda
Núncio Apostólico da Cúria Romana em Portugal

A Sua Excelência Reverendíssima
Dom Ilídio Pinto Leandro

Bispo de Viseu

A Sua Reverência Padre António Rodrigues
Pároco do Couto do Mosteiro

Dirigimo-nos a V. Santidade para apresentar o seguinte pleito:
O comportamento rodoviário anti-social do sr. Padre António Rodrigues, pároco do Couto do Mosteiro, em Santa Comba Dão, foi noticiado ontem, dia 21/03/07, em alguns jornais diários portugueses (Público, p. 14, “Um padre movido a fé e adrenalina”, 24 Horas, p. 21, “O padre tem uma máquina... dos diabos”).

O sr. Padre António Rodrigues orgulha-se de ser proprietário de uma “autêntica bomba”, um Ford Fiesta 200 ST de 150 cavalos de potência, adquirido “no estrangeiro”, e de “andar no picanço na A25” (competir com outros utentes daquela que já foi conhecida internacionalmente como a “estrada da morte”, tantas foram as vítimas mortais naquele trajecto).

O sr. Padre António Rodrigues, que afirma gostar da “adrenalina provocada pela velocidade” e “de sentir a potência debaixo do pé”, vangloria-se ainda de o seu automóvel chegar facilmente aos 210km/h, acrescentando que “Graças a Deus” nunca foi multado, e que, antes de padre é um ser humano.

Finalmente, admite que utiliza o seu carro para levar os jovens [das aldeias] a “dar uma volta”, e para “chegar a tempo às 3 igrejas da paróquia” (que distam entre si não mais que 13 km).Foi com horror que a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados tomou conhecimento destas notícias. E é com natural incómodo que nos dirigimos a V. Santidade para notar que:

1) Um padre é um cidadão. Nesse sentido, não pode colocar os seus deveres de padre (chegar a horas às diferentes igrejas onde oficia, transportar jovens entre aldeias) à frente dos de cidadão. Numa palavra, não se pode colocar acima da lei da república portuguesa.

2) Um padre católico é um homem, mas antes de ser homem é padre. Caso pusesse o ser “homem normal” antes do sacerdócio, não haveria motivo para cumprir o princípio do Celibato. Ora um padre tem de dar o exemplo, porque nele o Sentido Ético é o mais importante.

3) Um padre é um predicador – não por acaso é tantas vezes também professor de Religião e Moral. Um guia espiritual que molda o comportamento e valores de outrém.

4) Um padre é, sine qua non, um modelo de virtudes – não pode ser um repositório de pecados.O arrepiante comportamento descrito nas notícias testemunha um deslumbramento ingénuo pela velocidade, pela ilegalidade, e pela irresponsabilidade social, que é seguramente condenável pela hierarquia da Igreja católica. Mais ainda, o sr. Padre António Rodrigues parece crer, na sua cega vaidade, que a providência divina o favorece, permitindo-lhe fugir às sanções judiciárias humanas.

Como ele diz: “Graças a Deus, não [sei] o que é uma multa”.

Acreditamos que o sr. Padre António Rodrigues não esteja agindo de má fé, e acreditamos ele conseguirá arrepiar caminho e compreender quão longe se encontra hoje dos valores implícitos no sacerdócio que assumiu. Vimos assim pedir a V. Santidade que ajude este infeliz pároco a ponderar a gravidade dos seus actos e a imodéstia das suas palavras, e a resistir às tentações conjugadas da velocidade e da vanglória.

Despedimo-nos respeitosamente.Direcção da ACA-MLisboa, 21/03/07


Ecos na imprensa internacional:

Rev isn't always short for reverend, Reuters, 26 de Março.
Grupo pede que padre resista às tentações da velocidade, O Globo Online, 26 de Março.
Caso do padre que tem carro turbinado vai parar no Vaticano, G1, 27 de Março.
Portuguese priest gets chastised for indulging in sporty car, Autoblog, 27 de Março.
Speeding priest prompts complaint to the Pope, Gulf Times, 27 de Março.
Pope urged to put the brakes on racy priest, Business Report, 27 de Março.
'Speed freak' priest, The Mercury, 27 de Março.
Priest's car passeth all understanding, Saturday Star, 27 de Março.
No more revving for racing reverend, Ottawa Sun, 27 de Março.

domingo, abril 01, 2007

30. Mal-entendidos

Três anedotas rápidas para quebrar a banalidade deste blog. O tema são os mal-entendidos, ou como devemos ter cuidado com as palavras que usamos. Por vezes podem ter consequências fatais.

(1)

Noticia no jornal: "Vende-se cão, come de tudo, gosta de crianças"

(2)

Noticia no placard de uma Igreja: "O clube de jovens mães reune-se às quartas-feiras, pelas 21h30. Para ser uma jovem mãe dirija-se ao Sr. Padre."

(3)

Há alguns anos atrás houve um concurso a nível internacional para escolherem a melhor anedota. Algo como a eleição do melhor português, mas com mais piada. Venceu a seguinte:
"Dois caçadores foram caçar para o monte e um deles caiu a um buraco, ficando inconsciente. O outro desce para junto dele e liga pelo telemóvel para o 112.
- O meu amigo caiu e está inconsciente. Que devo fazer? - pergunta o caçador, preocupadíssimo.
- Em primeiro lugar, certifique-se que está morto - respondeu o operador do 112, que ficou à espera de resposta do caçador.
Entretanto ouve-se um tiro do outro lado da linha.
- Já está, e agora?

29. Pequeno raio-de-luz

Sendo um cinéfilo minimamente interessado, não posso deixar a oportunidade para falar de um filme que vi ontem e que já estava na minha lista de "filmes a não perder" desde que o Markl se fartou de o gabar, ainda antes de se saber que era um dos nomeados aos óscars. Trata-se de um filme independente, de low budget, Miss Little Sunshine, e que conta a história de uma viagem em família.
Dito assim podiamos estar a falar de mais de uma centena de "road trip films", onde um grupo sai do seu elemento e se confronta com situações completamente desconhecidas. No cinema Americano, na maior parte das vezes o que se sucede são gags encaixados furiosamente como quem tenta pôr toda a roupa dentro de uma mala pequena. A coisa raramente funciona.
Miss little sunshine é diferente. Em primeiro lugar é uma comédia dramática, onde tanto podemos estar comovidos com as tristes histórias de cada um dos elementos da família, como no momento seguinte rimos histericamente com as situações colocadas.
Depois há a sensação de familiaridade com cada um dos elementos, todos conhecemos alguém com quem podemos identificar cada um. O avô tem problemas de toxicodependência, o tio é homossexual e maniaco-depressivo, o filho tem o sonho de ingressar na força áerea, e como forma de provar o seu empenho nesse sonho não fala há nove meses. A filha mais nova sonha em fazer parte de um concurso de beleza infantil, embora tenha problemas de peso, o pai é especialista em "promoção pessoal", a tentar lidar com o seu insucesso. A mãe tenta fazer os possíveis para que a família funcione.
O filme fala de uma sociedade que promove a competição, o ganhar a todo o custo, mas através dos dialogos mais intelegentes que se tem visto nos últimos tempos no cinema americano, vamos descobrindo o valor da família e que o vencer não é o mais importante. O que importa é o que ganhamos ao tentar vencer.