quinta-feira, junho 28, 2007

53. Padres(2)

O falso padre desapareceu, deixando o carro abandonado no Cabedelo. Esta é a prova de que alguém lê o meu blog e decidiu protestar.

Pois proteste para a frente, que atrás vem gente... !

52. Cultivo da batata

Dizem as más linguas que Portugal é um país de gente inculta, incapaz de ler um livro ou ir a um espectáculo onde não haja um acordeão. Sendo isto verdade, não consigo entender o facto da exposição de Joe Berardo ter 25000 pessoas no primeiro dia (ok, era gratuito, mas entre ver uma coisa que não me interessa apenas pela sua gratuitidade, ou ver algo realmente interessante, opto sempre pela segunda). Ou então o facto dos espectáculos no Theatro Circo de Braga estarem constantemente esgotados.

Será que...

Será que o povo português não é assim tão inculto? Tenho de reconhecer que não temos uma cultura de "cultivação". Se a cultura é promovida apenas na sua vertente elitista, então chegará apenas às elites, e estas não precisarão de mais "cultivo".

Façam coisas mais acessíveis, com uma divulgação estudada, e conseguiremos três coisas fantásticas:

(1) Teremos mais pessoas a admirar a arte
(2) Teremos mais artistas, porque haverá um mercado maior para a arte
(3) Teremos menos pessoas a consumir porcarias porque terão eventualmente adquirido o bem mais importante de todos - um apurado sentido crítico.

Um exemplo: os livros de José Rodrigues dos Santos.

domingo, junho 24, 2007

51. Padres

Conheci um dia o Renato, um tipo porreiro, um verdadeiro génio da Informática. Além do gosto pela área, temos em comum o facto dos padres das nossas paróquias serem tema para as páginas dos jornais.

Tenho de reconhecer que o Padre da paróquia do Renato bate o meu padre aos pontos. Começa por nem sequer ser padre. Era um burlão que durante dois anos assumiu a paróquia de Areias. Durante dois anos ficou com o dinheiro dos peditórios que fazia para ajudar os pobres em África, realizou cerimónias, inclusivé casamentos que agora tiveram de ser considerados nulos. Celebrou um casamento na Sé de Braga.

O Burlão foi apanhado pela polícia em plena celebração de um baptizado.

O que me mete mais impressão é que os paroquianos gostavam dele.

No caso do padre da minha freguesia, pelo simples facto de ter um carro de alta cilindrada, os paroquianos viraram-lhe as costas...

sábado, junho 23, 2007

50. Crise de meia-idade

Dizem que os trinta é uma idade complicada, mas eu digo o contrário. Importou-me muito mais fazer agora 36 do que fazer os 30. Quando um tipo faz 30 anos, ainda está suficientemente perto dos 20 para não sentir grandes complexos, mas quanto um tipo faz 36, sentimos que estamos a caminhar para os 40, e isso mexe com uma pessoa.

No meu caso pôs-me novamente a fazer o balanço de uma vida. O que pesou mais na balança foi a perda contacto de pessoas que povoaram a minha infância e principalmente a atribulada fase de adolescência. No que toca a perder contactos sou um verdadeiro ás.

Penso sempre no que se podem ter tornado os meus amigos e colegas de então. De arrumadores de carros a políticos, tudo é possível, mas na época tinham todos a mesma idade, partilhavamos a mesma escola e os mesmos professores, aprendiamos o mesmo. Hoje em dia somos todos diferentes, cada com a sua vida mais ou menos definida.

No outro dia encontrei na internet o Sérgio, que era primo do Diogo. Os três fizemos um curso de Basic num colégio de padres em Braga, tinhamos treze ou catorze anos. Passava o tempo todo na casa do Sérgio, tinha um fraco pela irmã mais velha. Mas na altura a minha imaturidade não me permitia avançar.

Hoje, o Sérgio é um Astrofísico teórico, que passou pelo Carltech Institute e pela Universidade de Yale, e com trabalhos publicados.

O Diogo foi vice-presidente do PSD de Maio de 1999 a Março de 2000, sendo também porta-voz do PSD para a Sociedade de Informação e deuputado.

Mais recentemente, o meu colega de Universidade Filipe Morato fartou-se de trabalhar na área da Informática e lançou-se à aventura como fotógrafo, viajando por todo o mundo. Lançou agora o livro "Alma de Viajante", que foi tema de uma reportagem no telejornal (estás mais gordito, Filipe...). Por coincidência, Viajante é tambám o meu nick na Internet, eu que só faço 120 quilometrozitos por dia. Ou seja que vou ter de mudar de nick.

Estas histórias fazem-me pensar no que leva as pessoas a mudar de vida. Eu próprio tentei mudar, sair de uma boa empresa e tentar trabalhar como consultor numa época de crise e com mais um filho a caminho, não é pêra doce, mas existem pessoas que se tornam maiores do que as nossas vidas CTC.

Porque eu sou um CTC. O que não tem nada de mal se te satisfazeres com esses limites.

Já agora, um CTC é CASA-TRABALHO-CASA. Um CTC tenta viver o mais próximo de casa possivel. Normalmente proximo também da casa dos pais. Ou mesmo na casa dos pais.

A minha dúvida é saber de que forma eu, enquanto pai, e não tendo conseguido sair desta rotina, tentarei incutir nos meus filhos que devem tentar expandir os seus horizontes. O que fazer?
Espero que eles me ensinem. O tempo dirá se sou bem sucedido.

Só espero que no processo se livrem rapdamente da ministra de educação actual e não suba para o poder um pior.

domingo, junho 03, 2007

49. Honrosa excepção

De vez em quando pego em livros já muitas lidos e re-lidos. Dizem-me que é perda de tempo, mas cada vez que o faço descubro algo de novo.

Um exemplo?

Peguei no livro "Biliões e Biliões", do saudoso Carl Sagan, e logo capítulo introdutório leio o seguinte:

"Contudo, ainda há resistência à notação exponencial da parte de quem se dá mal com a matemática (apesar de a notação exponencial facilitar a compreensão, em vez de a dificultar ) e da parte de certos compositores que parecem ter uma irresistível necessidade de compor 109 como 109..."

E os compositores da editora Gradiva, feridos no orgulho da classe ou simplesmente adaptando o texto do original, incluiram o seguinte:

"...(os compositores da Gradiva são, como pode ver-se, uma honrosa excepção)."

Aplausos. Tirava-lhes o chapéu, mas infelizmente não uso...

sábado, junho 02, 2007

48. Avariado

Quinta-feira deram-me uma triste notícia ao chegar a casa. A televisão tinha avariado. Embora não sendo grande fã da televisão que se faz hoje, nos nossos 4 canais, reconheço que a casa ficou mais "vazia" e incompleta, mesmo sem a ter ligado no último mês. Para o resto da família isso pode significar o caos. Reconheço que se tivesse acontecido quando era mais novo, tinha entrado em "parafuso". Agora é perfeitamente natural.

Mesmo assim passo pelo lugar vazio na sala com a sensação de ter perdido um amigo.