terça-feira, junho 21, 2011

476. Pilha de relógio

Não me lembro quando tomei a decisão de deixar de usar relógio no pulso para passar a usar apenas o relógio do telemóvel. O que é certo é que desde aí nunca mais tinha visto uma pilha de relógio até ao dia de hoje, dia em que me acontecem duas coisas estranhas. Algo raras, como dizem os nossos vizinhos de península.
Primeiro, entro num fotógrafo e enquanto espero que ele termine o serviço que lhe tinha pedido para fazer, entra um homem com uma eventual anomalia psíquica que pede ao fotógrafo uma pilha de relógio. Eu já temia pelo pior porque pensava que o fotógrafo o fosse mandar para algum sítio mais incómodo, dado que aquilo não era uma relojoaria, mas eis que ele abre um pequeno armário e saca de uma pilha, satisfazendo o pedido do cliente.

"São 1,5 euros", diz o fotógrafo.

Eu lembro-me de pensar que aquele preço era um roubo, mas não disse nada.

Mais tarde precisei de um cronómetro e lembrei-me de ir buscar o meu cronómetro antigo à casa dos meus pais. Lá estava ele, parado há uma data de anos. Tinha de encontrar uma pilha. Abri-o e vi que a pilha era do mesmo formato da que tinha visto o fotógrafo colocar, pelo que voltei lá, mas entretanto já tinha fechado.

Pensei eu "a cidade é muito grande, vou encontrar uma pilha". Fui a alguns sítios, sem nenhum sucesso, até que tenho a ideia de ir ao centro comercial. Numa loja que só vendia relógios, lá encontrei o que queria. A empregada conseguiu por o cronómetro a funcionar, mas deu-me uma coisa má quando ela disse o preço.

"São quatro euros"

Se isto não é inflação e as leis de mercado a funcionar, não sei o que será...