Logo a seguir ao final do ano, ia eu sozinho no carro no regresso a casa quando tenho este pensamento: "O trânsito já voltou ao normal". Depois de quinze dias em que conseguia fazer o percurso trabalho-casa em vinte minutos, no que parecia ser uma viagem ao início do século, as coisas voltavam ao "normal" do pára-arranca, da irritação automobilística, dos papás que quase levam os seus veículos às salas de aulas porque os meninos e meninas não se podem cansar nem molhar as roupinhas e penteados. Neste capítulo, sempre fiquei com uma dúvida, que não vem muito ao caso: o trânsito aumenta exponencialmente quando chove, em parte porque os pais vão levar os filhos à escola. Pergunto: como raio chegam os petizes ao estabelecimento de ensino quando está sol?
Mas voltemos ao que interessa: a normalidade é o trânsito complicado, o pára-arranca, os acidentes constantes. Estranhamos quando conseguimos meter uma terceira velocidade, isto no anacronismo dos carros com transmissão manual. Creio até que em determinadas estradas o termo "trânsito" está mal aplicado e deveria ser substituído por estacionamento temporário, porque, afinal, passamos mais tempo parados do que a andar.
No final de um ano a aturar o trânsito, não admira que algumas pessoas comecem a bater mal. E para este problema, nem o melhor dos chapeiros tem solução.