domingo, abril 01, 2007

29. Pequeno raio-de-luz

Sendo um cinéfilo minimamente interessado, não posso deixar a oportunidade para falar de um filme que vi ontem e que já estava na minha lista de "filmes a não perder" desde que o Markl se fartou de o gabar, ainda antes de se saber que era um dos nomeados aos óscars. Trata-se de um filme independente, de low budget, Miss Little Sunshine, e que conta a história de uma viagem em família.
Dito assim podiamos estar a falar de mais de uma centena de "road trip films", onde um grupo sai do seu elemento e se confronta com situações completamente desconhecidas. No cinema Americano, na maior parte das vezes o que se sucede são gags encaixados furiosamente como quem tenta pôr toda a roupa dentro de uma mala pequena. A coisa raramente funciona.
Miss little sunshine é diferente. Em primeiro lugar é uma comédia dramática, onde tanto podemos estar comovidos com as tristes histórias de cada um dos elementos da família, como no momento seguinte rimos histericamente com as situações colocadas.
Depois há a sensação de familiaridade com cada um dos elementos, todos conhecemos alguém com quem podemos identificar cada um. O avô tem problemas de toxicodependência, o tio é homossexual e maniaco-depressivo, o filho tem o sonho de ingressar na força áerea, e como forma de provar o seu empenho nesse sonho não fala há nove meses. A filha mais nova sonha em fazer parte de um concurso de beleza infantil, embora tenha problemas de peso, o pai é especialista em "promoção pessoal", a tentar lidar com o seu insucesso. A mãe tenta fazer os possíveis para que a família funcione.
O filme fala de uma sociedade que promove a competição, o ganhar a todo o custo, mas através dos dialogos mais intelegentes que se tem visto nos últimos tempos no cinema americano, vamos descobrindo o valor da família e que o vencer não é o mais importante. O que importa é o que ganhamos ao tentar vencer.