sábado, junho 23, 2007

50. Crise de meia-idade

Dizem que os trinta é uma idade complicada, mas eu digo o contrário. Importou-me muito mais fazer agora 36 do que fazer os 30. Quando um tipo faz 30 anos, ainda está suficientemente perto dos 20 para não sentir grandes complexos, mas quanto um tipo faz 36, sentimos que estamos a caminhar para os 40, e isso mexe com uma pessoa.

No meu caso pôs-me novamente a fazer o balanço de uma vida. O que pesou mais na balança foi a perda contacto de pessoas que povoaram a minha infância e principalmente a atribulada fase de adolescência. No que toca a perder contactos sou um verdadeiro ás.

Penso sempre no que se podem ter tornado os meus amigos e colegas de então. De arrumadores de carros a políticos, tudo é possível, mas na época tinham todos a mesma idade, partilhavamos a mesma escola e os mesmos professores, aprendiamos o mesmo. Hoje em dia somos todos diferentes, cada com a sua vida mais ou menos definida.

No outro dia encontrei na internet o Sérgio, que era primo do Diogo. Os três fizemos um curso de Basic num colégio de padres em Braga, tinhamos treze ou catorze anos. Passava o tempo todo na casa do Sérgio, tinha um fraco pela irmã mais velha. Mas na altura a minha imaturidade não me permitia avançar.

Hoje, o Sérgio é um Astrofísico teórico, que passou pelo Carltech Institute e pela Universidade de Yale, e com trabalhos publicados.

O Diogo foi vice-presidente do PSD de Maio de 1999 a Março de 2000, sendo também porta-voz do PSD para a Sociedade de Informação e deuputado.

Mais recentemente, o meu colega de Universidade Filipe Morato fartou-se de trabalhar na área da Informática e lançou-se à aventura como fotógrafo, viajando por todo o mundo. Lançou agora o livro "Alma de Viajante", que foi tema de uma reportagem no telejornal (estás mais gordito, Filipe...). Por coincidência, Viajante é tambám o meu nick na Internet, eu que só faço 120 quilometrozitos por dia. Ou seja que vou ter de mudar de nick.

Estas histórias fazem-me pensar no que leva as pessoas a mudar de vida. Eu próprio tentei mudar, sair de uma boa empresa e tentar trabalhar como consultor numa época de crise e com mais um filho a caminho, não é pêra doce, mas existem pessoas que se tornam maiores do que as nossas vidas CTC.

Porque eu sou um CTC. O que não tem nada de mal se te satisfazeres com esses limites.

Já agora, um CTC é CASA-TRABALHO-CASA. Um CTC tenta viver o mais próximo de casa possivel. Normalmente proximo também da casa dos pais. Ou mesmo na casa dos pais.

A minha dúvida é saber de que forma eu, enquanto pai, e não tendo conseguido sair desta rotina, tentarei incutir nos meus filhos que devem tentar expandir os seus horizontes. O que fazer?
Espero que eles me ensinem. O tempo dirá se sou bem sucedido.

Só espero que no processo se livrem rapdamente da ministra de educação actual e não suba para o poder um pior.