quinta-feira, outubro 11, 2007

90. Histórias da vida de um informático (Parte 1)

Seguem-se algumas histórias que se passaram comigo numa empresa em que trabalhei. Non-sense completo.

Telemóvel

Na primeira história estavamos de volta de um conjunto de máquinas, ocupadissimos, quando aparece um tipo de mau aspecto a perguntar se queriamos comprar qualquer coisa que tinha na mão. Era um telemovel, ou melhor, a parte do punho de um daqueles sistemas antigos que se instalavam nos carros.

Frigorífico

Pouco tempo depois, alguém por brincadeira decidiu abrir a porta do frigorífico que estava dentro da secção técnica. Revelou-se uma péssima ideia, por dois motivos: primeiro, o frigorifico estava fechado e desligado à dois anos. Segundo, alguém se tinha esquecido de um queijo dentro do frigorifico. O cheiro que deitou é impossível de descrever. Só digo que é muito boa ideia a de enterrar os nossos falecidos...

Putos irritantes

Um fim de tarde fui a casa de um cliente configurar o messenger de forma a que o pai separado pudesse falar com os filhos. Ainda era no tempo das ligações analógicas, que demoravam uma eternidade em estabelecer ligação e que depois nunca mais se despachavam. Naquele dia, além de ter de lutar com uma ligação lenta, esta estava sempre a ir a baixo. Só algum tempo depois é que descobri a causa - os putos estavam a a divertir-se a desligar o cabo da linha telefónica...

Música

O meu patrão dessa altura pediu-me para ver dois problemas gravissimos. O primeiro era um problema na placa de som de um computador de uma loja de roupa, usado entre outras coisas para passar musica na loja. O problema é que as musicas "saltavam", ou seja, colocavam na primeira musica e a seguir passava para uma musica qualquer. Problema complicado - tirei o player do modo "random" (aleatório) e segui caminho.

Parei depois na casa (ou melhor, num casebre sem condições nenhumas) onde estava o computador e a dona que se lamentava que o leitor de cds não funcionava bem - só passava 10 s de cada música. E eu ali, lixado da vida por ter feito quilómetros por causa de uma opção do leitor de Mp3, e depois por ter feito mais quilómetros por causa do modo "scanning" de um leitor de CDs, modo esse que só passava 10 s de cada musica e avança para a próxima.

Virus

Em 1995 estava em Lisboa, ao serviço de um Organismo do Ministério da Saúde. Nessa altura, os computadores ainda não estavam em rede e tudo funcionava por disquete (ainda sou do tempo de instalar o Office 4.3 que vinha num conjunto de 35 disquetes - ou talvez mais - viviamos no terror uma falha numa das últimas disquetes que atirasse para o lixo uma hora de árduo trabalho).

Um belo dia fui à Direcção Regional para uma visita de rotina, levando um anti-virus numa disquete. Verifico que todos os computadores tinham virus, pelo que passei a tarde a tirar os vírus, e a passar de computador para computador ficheiros para substituir os ficheiros corrompidos pelos virus. No fim do trabalho as máquinas estavam limpas, os anti-virus instalados. Saí de lá cansado mas com a sensação de dever cumprido, sensação essa estragada pelas notícias do dia seguinte. Pelas palavras do Sub-Director do Organismo, o Sr. Engenheiro (moi même) estava proibido de entrar com disquetes na Direcção Regional, em virtude de estar a colocar virus nas máquinas. Virus que estes senhores sempre tiveram mas que desconheciam pelo facto das máquinas nunca terem visto a porcaria de um anti-virus nas suas curtas vidas digitais.