terça-feira, junho 03, 2008

316. Gente elegante

Vi-a a atravessar a passadeira. Parei, mais pelo simples prazer de a ver passar (isto de ser comprometido não põe a rolha no cérebro) do que por qualquer força do código da estrada. Era simplesmente perfeita, um míuda elegante, dos seus vinte e poucos anos.

Eis se não quando esta aberração da natureza termina de passar a estrada, arqueia os ombros e manda um valente escarro para o passeio. Assim a seco, à homem. Puxado de tal forma que parecia que o muco se lhe tinha acumulado nos pés.

Nesse mesmo dia fui a Amares. Cruzei-me com uma rapariga da mesma idade na caixa de escadas de um prédio. Parecia uma rapariga normal, sem nada que merecesse um segundo olhar. Ficou-me na mente porque, simplesmente, me deu os bons-dias, o que, no meu cérebro danificado pela visão do escarro, lhe deu a ela uma dimensão de top-model.