História do Perú
Salazar convidou pessoas amigas para almoçar com ele. Um almoço menos do que frugal, insuficiente.
Os convidados olhavam por baixo uns para os outros. Quê? O almoço seria só aquilo?
Então Salazar diz à criada: - Traga o peru.
Animam-se os convidados. A criada retira-se e volta com um peru vivo, debaixo do braço.
Coloca-o sobre a mesa e a ave, faminta, desata a picar as migalhas.
Bacalhau
- Já conheces a última maneira de cozinhar bacalhau?
- Qual?
- Bacalhau à Salazar.
- Como é?
- Só batatas. . .
5000 Camisas
Quando Rolão Preto, chefe dos nacionais-sindicalistas declarou, num banquete realizado em Fevereiro de 1933, que a uma ordem sua podia fazer desfilar em Lisboa 5 000 «camisas azui», Salazar admirou-se:
—Quê?! Então apesar das minhas medidas de salvação nacional ainda há em Portugal 5 000 pessoas com camisa?
Monstruosidades
O monstro de Loch Ness,
De que toda a gente zomba,
Não me aquece nem arrefece.
Seria ideia de arromba
Se o mesmo dizer pudesse
Do monstro de Santa Comba.
Tábuas de S.Vicente
Comparado hoje às figuras
Das tábuas de S. Vicente
Passa o nosso Salazar
Um Natal todo contente.
Mas se isto dá uma volta
Por obra de Belzebú
Pegam nas tábuas e dão-lhe
Com elas todas no cu.
Cunha
Um amigo de infância do Presidente do Conselho, que tinha ido muito novo para África e por lá fizera a sua vida, juntando uma grande casa, vem à Metrópole e visita-o. Visita-o para matar saudades, mas aproveita para lhe pedir um conselho. É que acabava de formar um filho em Ciências Económicas e Financeiras e queria iniciá-lo no trabalho, aqui na Metrópole, antes de ir para África entrar na gestão dos negócios paternos.
- Talvez tu mesmo pudesses ajudar-me. Um lugarzito em que ele entrasse na prática...
Salazar sorriu:
- Nem de propósito! Esteve aqui há pouco o ministro da Economia e falou-me da necessidade de um economista para um conselho técnico. Sempre é um ordenado de seis contos...
- Seis contos?! Deus nos livre! Com um ordenado desses logo de entrada, o rapaz perdia a noção das proporções. Desmoralizava-se. Eu quero-o lá é para trabalhar.
- Então talvez um lugar de chefe de contabilidade num grémio. São quatro contos e quinhentos...
- É muito. É muito ainda... Salazar indicou a seguir mais dois ou três lugares equivalentes e o amigo ia recusando sempre. Até que se resolveu a adiantar:
- Compreendes, eu não quero que ele comece por mandar, mas por obedecer. Para saber como é. Para aprender, para se desemburrar. Sem grandes facilidades. Uma coisa aí para um conto e duzentos, um conto e quinhentos... Terceiro ou segundo oficial, por exemplo...
Salazar teve um gesto de desalento:
- Ah, isso é impossível! Só por concurso!...
Tartaruga
Um dia, alguém pensou em oferecer a Salazar, como presente, uma tartaruga.
- Uma tartaruga? Que ideia! Onde ia eu meter um bicho desses?
- É muito simples. Basta um tanquezito com água. Não dá trabalho nenhum, não incomoda, não faz barulho e pode viver até aos duzentos anos...
- Ah, não! Não quero. Nós afeiçoamo-nos aos animais, depois eles morrem e lá ficamos com pena de os perder...
Agora a sério
Passaram 33 anos e actualidade de algumas destas anedotas é, tristemente, um facto. Como se o seu fantasma nos perseguisse, na forma de um ex-aluno da UNI.