domingo, março 16, 2008

254.Desacordo ortográfico

Como (normalmente) não gosto de falar mal do que não conheço, estive a ler o texto do famoso acordo ortográfico que nós tão passivamente aceitámos.

Desde já não percebo a subjectividade do acordo, no qual ainda se mantém e de alguma forma se cultiva a dupla grafia de algumas palavras (ex.: académico/acadêmico). Ou há acordo, e doa a quem doer todos escrevem da mesma maneira, ou se damos azo a separações, qual é a finalidade do acordo?

Por outro lado temos as alterações mais visíveis, a perda das consoantes mudas. Vamos passar a escrever ato, efetuar, Egito, ereção, ação. O que está em causa é a uniformidade entre a língua falada e escrita, coisa que nunca preocupou os Franceses e os Italianos, que escrevem de forma completamente diferente da forma como dizem as palavras, e não os vejo preocupados com isso.

Mais, os nomes dos meses passam a ser escritos em mínuscula, perdendo-se completamente no meio das frases.

Por aquie fica um exemplo de um texto escrito segundo as novas normas:

Em junho, Maria atuou no recital de Natal. Levou a minissaia azul. Nesse dia jogou a seleção nacional, onde Figo efetuou um bom jogo. Maria pegou na flauta e levando o objeto à boca começou a tocar.

Estranho. Muito estranho. Mas a nossa língua é uma língua viva, que tem mudado nos últimos anos, e que portanto se quer viva. Quando Pharmacia se passou a escrever Farmácia também os velhos do restelo da altura levantaram as suas objecções (perdão, objeções).