quinta-feira, agosto 12, 2010

470. Spínola

Estava profundamente aborrecido quando resolvi entrar no quiosque para comprar uma revista para ler. Quando entrei apercebi-me da pobreza da oferta - de um lado tinha o patinhas, do outro as revistas cor-de-rosa. Quando me dei ao trabalho de dar uma segunda vista de olhos deparo-me com uma colecção de biografias de Portugueses, cada uma a custar 1,95. Uma verdadeira pechincha nos tempos que correm, em que encontrar algo que custe menos do que 2 dígitos é quase tão difícil como encontrar um virgem de 14 anos.

Mas continuemos. Comprei:

(1) a biografia dos Gato Fedorento, uma história de sucesso neste país de anormais.

(2) a biografia de D. Nuno Álvares Pereira, herói português, neto de um arcebispo de Braga e filho de um prior (pormenor perfeitamente irrelevante para o autor da Biografia). É responsável por não sermos espanhóis, facto que muitos choram. Leio esta biografia em Espanha, o que pode muito bem ser configurado como sendo uma actividade criminosa.

(3) a biografia de Spínola. E aqui vem o cerne da questão. A ideia que tinha de Spínola era a de um homem rígido que usava sempre o seu monóculo. O livro retrata-o como uma das personalidades mais influentes do século passado, a sua importância na guerra Ultramarina e posteriormente na sua viragem de opinião sobre o regime.

O que é que a biografia de Spínola tem de importante? Depois de lermos aquele texto ficamos com a ideia de que perdemos muito tempo na escola a estudar os reis e os seus feitos. Devíamos passar mais tempo a estudar o que aconteceu nos últimos sessenta anos, de forma a podermos definirmo-nos melhor e respondermos de uma forma mais saudável à sacrimental pergunta: "Como é que nos metemos nesta alhada?"