domingo, setembro 16, 2007

61. Golfinhos nas dunas (parte 1)

Ele há coisas que não lembram o diabo, costuma dizer-se e com razão. Por outro lado, quem se arrisca nas dunas pode encontrar coisas estranhas, já dizia Rui Reininho.

Na minha adolescência passava o mês de Julho em Ofir. Tinha uma boa praia, com um bom pinhal. Andava quilómetros na praia.

Depois passaram-se anos sem lá ir. No outro fim de semana, aproveitando o facto de o tempo de Setembro estar o que Agosto não esteve, resolvemos ir para lá.

Depois do almoço, para digerir a humilhação de ter sido roubado no restaurante, fomos dar um passeio pela praia, em direcção à foz. A meio do caminho resolvi mostrar o estuário, pelo que atravessámos as dunas e percorremos a passagem de madeira até ao miradouro. A vista devia ser fantástica, não fosse a porcaria do nevoeiro que teimou em ficar todo o dia.

Depois voltámos para trás, saímos da passagem de madeira (o que não deve ser permitido, mas pronto) e atravessámos as dunas em direcção à praia. A meio caminho estava um cadáver de um animal, já em esqueleto, que a Manuela identificou como sendo uma gaivota e seguiu caminho para a praia, com as crianças.

Eu fiquei. Gaivota uma ova... O esqueleto tinha cerca de metro e meio, o crâneo terminava em bico, com vestigios de dentes a meio, a coluna vertebral estendia-se até ao fim, com vértebras finas e pouco espaçadas.

Identifiquei-o como sendo uma cria de golfinho, que deve ter dado à costa e que alguém puxou para a duna.

A cinquenta metros uma família com crianças estava deitada ao sol.

Em que país estamos quando uma coisa destas se deixa estar a apodrecer ao sol, numa zona frequentada por banhistas? Já tirei o número da capitania do porto de Viana do Castelo, e vou ver o que respondem.