segunda-feira, março 19, 2007

22. Decisões

Tem este post a ver com decisões com comboios. No mês passado uma velhota em Viana caíu na linha de comboio, e sofrendo de artrose não se conseguiu levantar. Esperou bastante tempo à espera de alguém, mas ninguém passou para a ajudar a levantar. Eis se não quando ouve vir o comboio e faz a única coisa que podia para salvar a vida: encolheu-se entre os carris enquanto a locomotiva lhe passava por cima, sobrevivendo sem um raspão.

Comentei este facto com uma senhora de Monção, começando a narrar os factos com um singelo "Ouviu falar naquela senhora que caiu na linha do comboio?", ao que a senhora responde "outra?". Ao que parece uma senhora de nacionalidade brasileira tinha-se suicidado atirando-se à linha do comboio.

Como são mais as pessoas que se suicidam do que as que se salvam, a noticia que saiu em todos os jornais e televisões foi a da velhota, pelo que não deve ter saído em lado nenhum a noticia do suicidio. Se a brasileira tivesse escolhido um meio menos comum, do género trinta machadadas, teria sido primeira página em todos os jornais, e todos quereriam saber as razões que a tinham levado a isso.

Ou seja, e não sendo novidade nenhuma, só é notícia o que salta à vista. Como dizia o Markl, "não é notícia quando o cão morde o homem, mas sim quando o homem morde o cão."