segunda-feira, setembro 12, 2011

481. Não há pachorra para tanta foto, amigos...

O facebook permite uma mudança interessante no relacionamento das pessoas.

Antes, quando íamos a casa das pessoas depois das férias, tínhamos de passar pelo frete de ver carradas de álbuns de fotografias que eles tinham tirado nesse período.

Hoje em dia, com as ferramentas ao nosso dispôr, quando chegamos a casa dessas pessoas, já vimos e comentámos as fotografias, e podemos ir ao que realmente interessa, que é a matança das saudades...

domingo, julho 31, 2011

480. Cinquenta por cento

Há promoções que se vê mesmo terem sido feitas por génios. Há algumas semanas atrás, ou ainda existe actualmente, não faço ideia porque não vou lá assiduamente, uma determinada cadeia de supermercados cujo nome começa por L, acaba também por L e no meio tem um I e um D, resolveu fazer uma promoção que tinha como objectivo diminuir o sofrimento causado aos Portugueses pela imposição do chamado "imposto extraordinário".

Extraordinariamente, os Portugueses vão ter de dar metade do subsidio de Natal, e eles então tiveram a ideia extraordinária de reduzir para metade o preço de determinados artigos, como por exemplo o azeite. Já não me lembro se era azeite extra ou não, mas gerou um verdadeiro tumulto, como se tivesse havido um cataclismo natural grave que tivesse dado cabo das oliveiras em todo o mundo e só existissem ali, nos tais supermercados.

Ora o tumulto gera confusão, e neste país de gente de brandos costumes, sempre que há confusão, há pancadaria. Raramente há mortes, é certo, porque somos gente de brandos costumes. Neste aspecto somos parecidos com os Noruegueses.

Sempre que há pancadaria, está lá a televisão, dando cobertura nacional à promoção, de uma forma completamente gratuita, e sem terem de pagar as elevadas taxas de publicidade.

Não sei se os mentores da dita promoção previam isto, mas pelo sim, pelo não, tiro-lhes o chapéu...

domingo, julho 10, 2011

479. Quo vadis, cinemas Avenida?

Ida aos cinemas do Bragashopping, ex-cinemas Avenida, durante muito tempo os únicos cinemas de Braga e onde fui dezenas de vezes. Aquilo está às moscas, sente-se a recessão e a competição vampírica dos grandes cinemas. A qualidade da sala podia ser melhor, mas o simples facto de não ter de levar com meia hora de publicidade chata que teria na mesma a ver televisão em casa, sem ter de pagar por ela, já vale a pena. Além disso, o preço dos bilhetes é uma agradável surpresa (e as pipocas do outro mundo - atrevo-me a dizer que são pipocas a "sério")....

Até quando conseguirá ficar aberto?

PS - Como o filme era, ou deveria ser, tridimensional, levámos os óculos de casa para pagarmos menos. Só no acto da compra dos bilhetes é que vimos que o filme naquela sala era bidimensional. Éramos os únicos patos a ver um filme 2D com os óculos 3D no cimo da cabeça. Mas sinceramente prefiro assim...

quarta-feira, julho 06, 2011

478. Lixados

É oficial. Portugal desde hoje está "lixado". Foi atirado pela agência de rating Moody para uma das categorias "Junk". Ou seja que portugal é um "junky", que é o mesmo que dizer "drogado".

O que foi bonito de se ver foi a união dos responsáveis pelos países europeus e o próprio Durão Barroso a condenar a acção da agência de rating. Gostei especialmente de ouvir comentários elogiosos à forma como o executivo português está a cumprir os prazos traçados no memorando de entendimento definido com a Troika, "chegando mesmo a antecipar a execução de alguns desses prazos".

Ora isto já mostra alguma mudança, porque "antecipação de prazos" é um sentimento anti-tuga....

terça-feira, julho 05, 2011

477. Confusão Euromilhões

Já não bastava terem aumentado as estrelas no euromilhões para garantir que eu continuaria na miséria, e ainda tinham de fazer dois concursos para dar confusão. A parte de baixo do boletim tem uma complexidade tal que é necessário um curso, uma licenciatura a sério, não bolonhesa, para não cometer nenhum erro.

Hoje, terça feira, dia de jackpot (mais um), combinámos na empresa jogar. Foi uma pessoa registar e chegou todo contente por ter conseguido realizar essa tarefa na perfeição. Quando verifico o boletim, no entanto, verifico que a pessoa estava num estado de confusão tal que pensava que estava na quarta-feira, e mete a cruzinha para jogar na sexta.

Para impedir problemas institucionais, decidimos jogar novamente com a mesma chave, marcando o jogo de 3ª feira, pelo sim, pelo não. Fui eu registar, para evitar a vergonha da pessoa que tinha feito o primeiro registo no jogo de sexta, e sempre a pensar na cena triste que seria se realmente saísse a chave e depois víssemos que por causa de uma confusão, o boletim só era válido para sexta feira...

terça-feira, junho 21, 2011

476. Pilha de relógio

Não me lembro quando tomei a decisão de deixar de usar relógio no pulso para passar a usar apenas o relógio do telemóvel. O que é certo é que desde aí nunca mais tinha visto uma pilha de relógio até ao dia de hoje, dia em que me acontecem duas coisas estranhas. Algo raras, como dizem os nossos vizinhos de península.
Primeiro, entro num fotógrafo e enquanto espero que ele termine o serviço que lhe tinha pedido para fazer, entra um homem com uma eventual anomalia psíquica que pede ao fotógrafo uma pilha de relógio. Eu já temia pelo pior porque pensava que o fotógrafo o fosse mandar para algum sítio mais incómodo, dado que aquilo não era uma relojoaria, mas eis que ele abre um pequeno armário e saca de uma pilha, satisfazendo o pedido do cliente.

"São 1,5 euros", diz o fotógrafo.

Eu lembro-me de pensar que aquele preço era um roubo, mas não disse nada.

Mais tarde precisei de um cronómetro e lembrei-me de ir buscar o meu cronómetro antigo à casa dos meus pais. Lá estava ele, parado há uma data de anos. Tinha de encontrar uma pilha. Abri-o e vi que a pilha era do mesmo formato da que tinha visto o fotógrafo colocar, pelo que voltei lá, mas entretanto já tinha fechado.

Pensei eu "a cidade é muito grande, vou encontrar uma pilha". Fui a alguns sítios, sem nenhum sucesso, até que tenho a ideia de ir ao centro comercial. Numa loja que só vendia relógios, lá encontrei o que queria. A empregada conseguiu por o cronómetro a funcionar, mas deu-me uma coisa má quando ela disse o preço.

"São quatro euros"

Se isto não é inflação e as leis de mercado a funcionar, não sei o que será...

domingo, janeiro 23, 2011

475. Este país é fabuloso

Este país é fabuloso. Das três pessoas que podiam pôr um ponto final no afundamento deste país, uma é promovida para o Banco Central, outra é reeleita à primera volta, e a terceira continua a gerir os nossos destinos.
Qualquer gestor que tente fazer uma proeza semelhante na sua empresa, é acusado de má gestão e responsabilizado pelos seus actos.

sábado, janeiro 01, 2011

474. Gaivotas da crise

Fui a Viana de tarde, aproveitar um bocado do bom tempo que tivemos hoje. Perto do centro fico chocado com a imagem de um velho a vasculhar o lixo. Não o típico mendigo, mas um tipo bem vestido, ar limpo e asseado. Durante algum tempo pensei no assunto - a miséria pode-se abater sobre qualquer um e não poupa ninguém.

Com essa imagem na cabeça fomos ao café junto ao rio. À saída caminhámos em direcção à marina, e apercebo-me de uma algazarra estranha - dezenas de gaivotas a voar em círculos no parque, com uma barulheira incrível. No meio das gaivotas estava o velho, a abrir os sacos do lixo e a deitar a comida fora. Pelo que percebi já devia ser hábito - da mesma forma que alguns dão pão aos pombos, o velho alimentava as gaivotas.

473. Bom MMXI

Queria desejar a todos votos de um bom 2011. Não serão talvez os votos mais originais - em época de eleições creio mesmo que em vez dos candidatos inscritos, Cavaco, Nobre, Coelho e Alegre, à força de tanta gente a enviar VOTOS de BOAS FESTAS, corremos o risco de termos o BOAS FESTAS como presidente....

Um bom 2011. Mesmo com a crise, a dívida e o PEC, podemos fazer deste ano um grande ano. Porque somos Portugueses e estamos habituados a dizer mal de tudo - agora pelo menos temos uma razão válida...

quarta-feira, novembro 17, 2010

472. Precisamos mesmo saber?

Na revista Sábado apareceu uma notícia sobre um escocês traficante de droga que foi torturado no Algarve. Tenho vergonha de revelar que senti alguma curiosidade mórbida sobre os detalhes da dita tortura, mas não esperava tantos pormenores - passou-me imediatamente a curiosidade, transformada num sentimento de "Precisamos mesmo saber isto?".

Há poucos dias dei com outro exemplo. O jornal da TVI deu a notícia do roubo de uma viatura. A senhora tinha ido a casa, deixando a chave na ignição, e se isto ainda não bastasse, deixou também os dois filhos. O ladrão andou dez quilómetros com os filhos da dona do carro lá dentro, antes de fugir. Até aqui tudo bem. Posso bem com a estupidez natural das pessoas.

O que se passou depois foi mais grave, porque o jornalista indicou que o filho mais velho, de apenas 7 anos, ia fazer a identificação do criminoso, e não bastando isto ainda deu os detalhes físicos da criminoso. Indicou por exemplo que tinha cabelo grande. Se ele fôr espectador da TVI a esta hora já cortou o cabelo...

Senhores jornalistas. Sejam eficientes. Informem o que precisamos de saber, mas tenham a noção de que não precisamos saber TUDO!

quarta-feira, setembro 01, 2010

471. Viagem no tempo

Tive uma ideia ao mesmo tempo estúpida e irrelevante, pelo que deve fazer algum sentido. Estava a ver um programa do Discovery sobre os incas, onde mostrava as pessoas a desenterrarem múmias incas com centenas de anos e tive esta ideia fabulosa. Estamos a desenterrar coisas que sobreviveram centenas e mesmo milhares de anos debaixo de terra e em edíficios de pedra e a colocá-las em museus.

Perfeito.

Mas de aqui a milhares de anos, depois da nossa efémera civilização ter desaparecido, vão acontecer duas coisas. A primeira é que nada vai sobrar da nossa civilização porque usamos o ferro e o tijolo nas nossas construções e os dispositivos de plástico para guardar o nosso acervo cultural. A segunda é que vão também desaparecer as nossas relíquias das civilizações mais antigas, que retirámos da terra onde iam perdurar para a sempre e as guardámos nas construções que não vão durar mais do que algumas centenas de anos.

É deprimente. Eu sei, mas não vai durar para sempre.

quinta-feira, agosto 12, 2010

470. Spínola

Estava profundamente aborrecido quando resolvi entrar no quiosque para comprar uma revista para ler. Quando entrei apercebi-me da pobreza da oferta - de um lado tinha o patinhas, do outro as revistas cor-de-rosa. Quando me dei ao trabalho de dar uma segunda vista de olhos deparo-me com uma colecção de biografias de Portugueses, cada uma a custar 1,95. Uma verdadeira pechincha nos tempos que correm, em que encontrar algo que custe menos do que 2 dígitos é quase tão difícil como encontrar um virgem de 14 anos.

Mas continuemos. Comprei:

(1) a biografia dos Gato Fedorento, uma história de sucesso neste país de anormais.

(2) a biografia de D. Nuno Álvares Pereira, herói português, neto de um arcebispo de Braga e filho de um prior (pormenor perfeitamente irrelevante para o autor da Biografia). É responsável por não sermos espanhóis, facto que muitos choram. Leio esta biografia em Espanha, o que pode muito bem ser configurado como sendo uma actividade criminosa.

(3) a biografia de Spínola. E aqui vem o cerne da questão. A ideia que tinha de Spínola era a de um homem rígido que usava sempre o seu monóculo. O livro retrata-o como uma das personalidades mais influentes do século passado, a sua importância na guerra Ultramarina e posteriormente na sua viragem de opinião sobre o regime.

O que é que a biografia de Spínola tem de importante? Depois de lermos aquele texto ficamos com a ideia de que perdemos muito tempo na escola a estudar os reis e os seus feitos. Devíamos passar mais tempo a estudar o que aconteceu nos últimos sessenta anos, de forma a podermos definirmo-nos melhor e respondermos de uma forma mais saudável à sacrimental pergunta: "Como é que nos metemos nesta alhada?"

quarta-feira, agosto 11, 2010

469. Agua do Luso

Peço desculpa pelo despropósito do título, mas apeteceu-me escrever qualquer coisa mais porcalhona. É a vida.

Por falar em porcalhona, quero contar uma história que presenciei hoje. Fui passar o dia a Samil, a praia de Vigo. Comento com a minha mulher a ausência de lixo na praia e a diferença para o que se passa nas praias e pinhais Portugueses.

À minha volta só ouço falar português.

De tarde chega um grupo de jovens, três rapazes e uma rapariga (linda por sinal). Falavam francês. A rapariga (linda por sinal) bebia água de uma garrafa de litro e meio. Um dos rapazes bebia de uma garrafa de meio litro. Reconheci a marca, LUSO.

Ao fim da tarde levantaram-se, arrumaram as toalhas e deixaram na areia as duas garrafas, meio enterradas, num gesto provocatório. Fiquei-lhes com um pó que nem imaginam. Quem limpe a praia e conheça a proveniência da garrafa vai atribuir-nos a culpa.

Eu também tenho a minha quota-parte da culpa, porque podia ter posto as ditas garrafas no lixo. Mas esta quota-parte não me pesa assim tanto na consciência.

468. Scut ou não Scut, eis a questão.

Caros(as) amigos(as), a indefinição do pagamento ou não das SCUT e toda a polémica gerada é sintomática do desgoverno que nos governa. Sinto que o nosso país se tornou num barco prestes a naufragar, onde metade dos membros do governo só abrem buracos no casco, enquanto que a outra metade só mete água para o interior do barco. SE ESTIVESSEMOS NUM PAIS CIVILIZADO O GOVERNO JÁ TERIA SIDO DEMITIDO.

467. Adeus António

António partiu e deixou-nos infinitamente mais pobres. Partilhámos o seu destino, a sua dor. Bebemos do seu espírito. Rimos desalmadamente, mesmo quando pensávamos que isso já não (lhe) era possível. Sofreu uma morte de treta que nos uniu a todos nesse dia que desejaríamos não ter acontecido.

Descanse em paz.

Espera. "Descanse em paz?". Eram duas palavras que ele tinha riscado à muito do seu vocabulário. Andava a 300, tanto no Porsche quer fora dele. Era amigo de todos, gostava de viver.

Onde quer que estejas, António, diverte-te!

terça-feira, fevereiro 02, 2010

466. Doideira

Tenho acompanhado esta nova edição do Ídolos com bastante interesse, o suficiente para me fazer interromper o meu silêncio para meditação. Aquilo é um espectáculo onde brincamos com o talento dos míudos, o qual é evidente.

Brincamos em primeiro lugar porque transformamos os castings em espectáculo, exacerbando o ridículo que passam todos aqueles que acreditam no sonho da fama, sem terem a mínima preparação. Depois, quando finalmente chega a fase final do espectáculo, os mesmos juris que fizeram o espectáculo nos castings delegam para o público a escolha dos vencedores de cada sessão.

Como se não fosse pouco, o sucesso desta nova edição transformou-se num circo mediático. As revistas e os jornais não tardaram em tentar encher páginas e páginas de "informação" sobre as vidas dos finalistas. O prémio vai para uma revista que em vez de perguntar a um dos concurrentes sobre as suas aspirações e o seu trajecto, não se cansava de tentar perceber as suas tendências sexuais. Todas as músicas foram parar ao youtube, sendo os comentários do mais baixo que tenho visto ultimamente.

Gente, são apenas jovens talentosos num programa de entertenimento, give them a break...


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domingo, dezembro 06, 2009

465. I'm back

Depois de largos meses letárgicos, acordo este blog para vos dizer um lugar-comum: lentamente o país vai-se dando conta que grassa a corrupção a todos os níveis. Dou-me ao trabalho de ter este sonho - se os portadores dos altos cargos fossem realmente competentes e cientes da importância do seu papel na sociedade, não haveria lugar à corrupção, e este país estaria francamente melhor...

quarta-feira, março 11, 2009

464. Sporting!

Depois de perder 5-0 com o Bayern em casa, o Sporting precisava de um milagre, o que foi exactamente o que aconteceu - conseguiram marcar um golito, e sofrer 7.

Meus senhores, sofrer 12 golos em dois jogos é inadmissível para um pretendente ao campeonato Tuga, e diz muito sobre o nível competitivo nacional.

Tenho dito....

463. Pedras

Pela segunda vez em duas semanas seguidas alguém manda pedras para a avenida António Macedo, em Braga, pelas 13h30. Dessas duas vezes que assisti os condutores que iam sendo apanhados pelas pedras param os veículos logo a seguir, na saída para Vila Verde, saem dos veículos e ficam a tentar ver alguém.

Está tudo doido.

462.Animação

Tenho por hábito há longos anos não ligar peva ao que os críticos de cinema dizem do alto da sua sabedoria suprema. Em geral isso poupa-me dinheiro e tempo.

Uma feliz excepção levou-me a ouvir um crítico de cinema na rádio falar bem de "Coraline e a porta secreta", o último filme de animação feito por um dos animadores que colaborou em alguns dos filmes de animação de Tim Burton, e devo dizer que gostei.

Sendo um filme de animação, tem uma qualidade surpreendente. Do melhor que tenho visto nos últimos anos.

O facto de não se ouvir falar mais deste filme espanta-me. O que vemos e devemos ouvir é ditado pelos milhares gastos em campanhas publicitárias, não pela qualidade das coisas. Especialmente quando não são coisas de consumo imediato, tipo sopa passada - para vermos bem Coraline é preciso mastigar, sermos confrontados com nós próprios, e o grande dilema dos pais e dos filhos.