segunda-feira, setembro 24, 2007

69. Tugas por aí

Já não é de agora. Os tugas só lá fora é que conseguem brilhar, como se este pedacito de terra no canto inferior esquerdo da Europa não fosse suficiente. E é verdade. Não é nem nunca foi suficiente - o que vale é que por vezes um ou outro sai do caminho e persegue o sonho e a ambição.

Dois casos disso: Filipe Morato Gomes e Ana Gomes Ferreira.

Do primeiro já falei neste blog. Deixou o emprego que tinha como programador e lançou-se como viajante independente e correspondente da coluna Fugas para o jornal "O público". Passou catorze meses na estrada, partindo do Porto, atravessando a Ásia, Oceania e América. No fim voltou ao Porto, como se de um verdadeiro porto de abrigo se tratasse e colocou tudo num livro emocionante onde reune fotos e textos sublimes.

Mais do que um simples livro de viagens, onde se retrata o que se viu no caminho, Filipe retrata as almas das gentes - o ambiente simples de uma família da Mongólia, a luta de um homem cujo trabalho é desminar campos com os pés, o suor dos mineiros Bolivianos, a dor dos familiares das vítimas do Tsunami.

Em cada paragem, a procura incessante de um ponto de internet para o envio das suas crónicas e fotografias.

Vinda da Internet, temos Ana Gomes Ferreira, Portuguesa de 19 anos a viver na Inglaterra e cujos vídeos estão entre os mais populares do You Tube. A sua voz e uma viola. Simples e sincero. Vi um video à menos de meia hora e achei importante incluí-la aqui.

São dois viajantes que decidiram sair do ninho e ir mais longe. Afinal, uma fronteira é apenas uma linha no mapa da vida.

domingo, setembro 23, 2007

68. Adeus, Pedro

Era uma figurinha discreta no meio cómico português. Aparecia regularmente na televisão enquanto que no cinema fez o "dot.com", tendo sempre críticas bastante favoráveis.

Devido a um problema de saúde, Pedro Alpiarça estava desempregado. Um tratamento com base em cortisona agravou-lhe o estado depressivo, tendo-se suicidado na semana passada, atirando-se de um quinto andar do hospital Stª. Marta, em Lisboa.

Quando é que o estado Português acorda para a necessidade de proteger os artistas nacionais, que não fizeram outra coisa do que seguir o seu talento? Bastavam 500 metros do TGV para garantir todos os artistas portugueses por três gerações...

67. O terceiro mamilo de Silvia Alberto

Perdi ontem algum tempo a ver a Operação Triunfo. Em primeiro lugar chamou-me a atenção a genuinidade e beleza da grande Sílvia Alberto (só percebi muito mais tarde que raio era aquilo que lhe saía do vestido e que parecia um mamilo - um mísero microfone que teimava em sair nos piores momentos).

Mas pronto, foi bom ver tanto talento reunido, desde os músicos aos bailarinos, passando pela apresentadora e pelo júri. Em relação à edição anterior da operação Triunfo, notei um maior respeito pelos jovens talentos - já é dificil estarem alí a abdicar de tanta coisa para serem achincalhados em directo.

Chamou-me a atenção a bracarense Sara, que abdicou do segundo ano de medicina para estar alí e seguir o seu Sonho. Como recompensa o júri mandou-a para casa, sendo posteriormente "repescada" pelo público. Um pormenor - era talvez o único elemento que não tinha os pais no público.

Porque se trata de um sonho. Talento já têm. O vencedor do concurso leva para casa um valor em dinheiro e a gravação de um disco.

E mesmo que ganhem, mesmo que se tornem músicos profissionais, vão ter de viver no meio artístico nacional. Sendo músicos é possível que, fazendo as escolhas correctas, se safem, mas não é um caminho fácil.

sábado, setembro 22, 2007

66. Futebolito-tuga

Na semana passada, sete equipas portuguesas estiveram presentes nas competições europeias, vindo daí seis derrotas e um empate, pelo que as más línguas indicam como tendo sido uma "semana negra".

Eu, que não sou nem nunca fui um adepto atento, tenho outra opinião. Todos os jogos à excepção do Leiria e do Porto, foram perdidos pela margem mínima, com golos sofridos nos últimos momentos da partida. Nenhuma equipa sofreu aquilo que se denominava de "humilhante derrota", mas deram luta que os adversários não esperavam. Estivemos muito perto de vermos os gigantes europeus a cairem aos pés dos tugas, muito menos habituados a jogar aquele nível por força do Campeonato Português ser declaradamente "pobrezito".

Portanto, fizemos uma boa figura, demos luta aos melhores, não merecemos o epíteto de "semana negra". Afinal, "quase" fizemos um brilharete...

É pena que no futebol só o resultado final conte. Não interessa que os nossos rapazes tenham jogado bem durante 89 minutos. O que interessa, o que fica nas estatísticas, é aquele minuto em que o outro jogador adversário consegue a proeza de encontrar o buraco aberto para a baliza.

65. Poesia higiénica

Li a seguinte frase no champô da minha esposa:

"Descubra o prazer de uma textura cremosa, untuosa e fundente."

Com tanta poesia, não ficarei minimamente surpreendido se vir uma estrofe dos Lusíadas numa embalagem de sabonete...

terça-feira, setembro 18, 2007

64. A Norte nada de novo

Monção hoje estava cheia de polícia, brigada territorial, brigada de trânsito, etc.. Parecia que estavamos em estado de sítio, num Iraque qualquer. As pessoas, sabendo que a brigada de trânsito estava a multar a torto e a direito, estavam tensas. Fugiam pelos caminhos mais longos para evitar a polícia, Um homem parou o carro perto de um ecoponto para deitar fora garrafas (what else?...) , e não saiu sem antes pôr o colete.

Vive-se um clima de tensão, muita gente sente receio infundado de encontrar a polícia, como se algo muito profundo na nossa sociedade, revelando uma incompatibilidade histórica com a autoridade. Se não devemos não tememos, mas tememos esquecer-nos de algo que um polícia menos compreensivo pode pegar. Vivemos num país de regras, tantas que duvido que haja alguém que as saiba todas, tal como duvido que haja alguém que as cumpra na íntegra - mesmo os próprios legisladores.

Não nos podemos esquecer que a autoridade existe para manter a ordem e fazer cumprir as leis, as mesmas leis que fazem com que a sociedade funcione.

Dizem as más línguas que a estranha afluência policial em Monção se devia ao facto de um dia antes um condutor ter agredido dois agentes numa operação stop. Depois de ter abalroado o carro da patrulha e depois dos GNR terem ido atrás dele. O fulano era de tal forma que foram necessários seis para resolver a questão.

63. Teimosia selvagem

O cúmulo da teimosia aconteceu na minha vida há dois anos, bem no fim do verão. Curiosamente, deve ser também o cúmulo da estupidez, mas neste sector ainda há muito campo para explorar.

Costumavamos ir para uma praia pouco frequentada nos Pisões. Era um sítio calmo, conhecido apenas pelos pescadores. Naquele ano eu e um dos meus cunhados apontámos um determinado fim-de-semana para levar as tendas e passar lá a noite. Depois de muitos planos, chegou o dia e vimos que estava um bocado de vento, mas nada que impedisse a aventura - afinal tinhamos preparado aquilo há tanto tempo que não seria uma "brisazita" que iria estragar tudo. Afinal, o tempo poderia melhorar de um momento para o outro.

Animados por este pensamento, lá fomos. Dois carros, duas tendas, duas crianças e quatro adultos (dizem as más línguas que eram na realidade seis crianças, mas isso é outra história).

Chegámos, e começámos de imediato a montar as tendas. A famosa "brisazita" tinha-se transformado em temporal que ameaçava levar tudo pelos ares, deformando as tendas e obrigando-nos a por pesos em tudo o que poderia voar. Pusemos os dois carros ao lado das tendas para abrigar alguma coisa do vento e passámos uma boa meia hora a estender um oleado por cima das tendas, para proteger do sol do dia seguinte.

Passo seguinte, fazer o jantar - frango de cabidela. Fabulosos esforços da minha cunhada para impedir que o lume se apagasse no meio do vendaval. E nós ali no meio do vendaval, esfomeados, cansados pela luta contra o vento, tentando esquecer o frio e o vento que batia contra as tendas e tentava levantar o oleado.

Pensavamos todos que o pior tinha passado, mas a natureza é imprevisível. A cerca de um quilómetro, por trás do monte que ficava por trás da estrada nacional começava um incêndio.

Lembro-me de ouvir o meu cunhado comentar "aquilo nunca chega cá". Mas o fumo passou a chamas que desciam o monte, puxados pelo veto que soprava na nossa direcção. Mesmo assim decidimos ficar, à espera do pito.

Só ficámos realmente assustados quando o fumo começou a ir todo na nossa direcção. Nessa altura desmontámos de qualquer maneira as tendas que tinhamos demorado quase uma hora a montar. Dobrámos o oleado, o que seria uma operação simples se o vento não tentasse transformá-lo numa vela negra. Para o impedir a minha mulher pôs-se cima do oleado, que mesmo assim, e numa rabanada mais forte a atirou ao ar, aterrando a dois metros de distância (a bem dizer, foi o baptismo de vôo - e ficou com nódoas negras para o provar...).

Depois de tudo arrumado à pressa nos carros, a minha mulher pôs o panelão da cabidela ainda a ferver entre as pernas e fugimos em direcção a Amares.

Prólogo

No fim de semana seguinte o meu cunhado voltou a essa praia, constatando que o fogo tinha galgado a estrada e chegado ao sítio onde nós tinhamos tentado acampar.

Ou seja, até mesmo no campismos selvagem, o crime não compensa...

domingo, setembro 16, 2007

62. Chocolate

Aconteceu esta semana. Estava a chegar às instalações de um cliente quando pára uma carrinha de uma transportadora. Sai um rapaz que me pergunta se podia entregar um pacote na recepção, dirigido a um funcionário. Eu aceitei. Peguei no pacote, que devia ter 40x30 e pesar 300g, dei o meu nome e vi-o a seguir o seu caminho. Abanei o pacote para ver se tinha bomba mas não ouvi nada. Entrei e deixei o pacote na recepção. E esqueci-me completamente daquilo tudo. Era um pacote, eu fiz um favor simples, mas uma hora depois o meu nome e o do funcionário estava nas bocas do mundo. Ou pelo menos da empresa.

A razão era simples. Era o aniversário do funcionário. Cega de amor, a esposa tinha decidido enviar uma barra de chocolate para ele. Em vez de "cega", podemos mudar para "mentalmente paralisada", porque, se em vez de uma barra de chocolate tivesse enviado uma bomba, duvido que os estragos fossem menores.

Pelo menos na minha reputação.

61. Golfinhos nas dunas (parte 1)

Ele há coisas que não lembram o diabo, costuma dizer-se e com razão. Por outro lado, quem se arrisca nas dunas pode encontrar coisas estranhas, já dizia Rui Reininho.

Na minha adolescência passava o mês de Julho em Ofir. Tinha uma boa praia, com um bom pinhal. Andava quilómetros na praia.

Depois passaram-se anos sem lá ir. No outro fim de semana, aproveitando o facto de o tempo de Setembro estar o que Agosto não esteve, resolvemos ir para lá.

Depois do almoço, para digerir a humilhação de ter sido roubado no restaurante, fomos dar um passeio pela praia, em direcção à foz. A meio do caminho resolvi mostrar o estuário, pelo que atravessámos as dunas e percorremos a passagem de madeira até ao miradouro. A vista devia ser fantástica, não fosse a porcaria do nevoeiro que teimou em ficar todo o dia.

Depois voltámos para trás, saímos da passagem de madeira (o que não deve ser permitido, mas pronto) e atravessámos as dunas em direcção à praia. A meio caminho estava um cadáver de um animal, já em esqueleto, que a Manuela identificou como sendo uma gaivota e seguiu caminho para a praia, com as crianças.

Eu fiquei. Gaivota uma ova... O esqueleto tinha cerca de metro e meio, o crâneo terminava em bico, com vestigios de dentes a meio, a coluna vertebral estendia-se até ao fim, com vértebras finas e pouco espaçadas.

Identifiquei-o como sendo uma cria de golfinho, que deve ter dado à costa e que alguém puxou para a duna.

A cinquenta metros uma família com crianças estava deitada ao sol.

Em que país estamos quando uma coisa destas se deixa estar a apodrecer ao sol, numa zona frequentada por banhistas? Já tirei o número da capitania do porto de Viana do Castelo, e vou ver o que respondem.

60. Ambulância

Faleceu ontem no Hospital de Ponte de Lima Adriano Pereira, de 54 anos, por paragem cardíaca. Os familiares alegam que a ambulância tinha estado retida na A28 pela Brigada de Trânsito para efectuar teste de alcoolémia ao condutor - e que isto demorou 20 minutos o que teria sido fatal para o paciente. Deixa filha de 15 anos deficiente mental.

Esta é a noticia tal como está no site da TVI. Desta forma é fácil acusar a BT. Os factos estão todos contra eles e desta forma é fácil manipular a opinião pública.

Mas os outros jornais online contam outros factos que a TVI omitiu por desconhecimento ou por achar irrelevantes. O principal é o facto do relatório da BT apontar para 7 minutos o tempo entre a operação stop e a entrada no hospital - tempo bastante razoável, na minha opinião de conhecedor da estrada em causa. Depois aponta para a morte do senhor para uma hora e meia depois de ter dado entrada no hospital.

Ou seja, alguém mente quanto aos tempos em que esteve retida a ambulância.

Um último facto que a TVI omitiu: a ambulância não tinha suporte de vida. Ou seja, com ou sem paragem "forçada", um doente com problemas cardíacos nunca deveria ser transportado naquela ambulância, e o simples facto de o ter feito é sinal de desespero e uma boa métrica para o estado da saúde neste país.

59. Anedota S1

Corre esta anedota no circuito e-mail. Vamos lá testar se estamos num país livre...

"Um homem encontra outro que estava a fazer um peditório. Ao que parece, Socrates tinha sido raptado e os raptores estavam a pedir o resgate, caso contrário regavam-no com gasolina e ateavam-lhe fogo.

- E quanto é que costumam dar? - perguntou o primeiro.

- Bem, - respondeu o segundo - entre 5 a 10 litros...

"

terça-feira, agosto 28, 2007

58. Haka vs hino

Ontem Portugal levou uma senhora abada no rugby frente à toda-poderosa negritude dos "All Black", e terminou com um sorriso nos dentes, depois de ter feito o seu melhor com extremo fair-play.

Não ligo muito a desportos, mas ontem queria realmente ver o desafio, mas como só passava na Sport TV, a uma hora ingrata (meio-dia), decidi-me a ouvir o relato na rádio, na minha ignorância - estava convencido que era um momento histórico e que pelo menos uma rádio neste país tentaria fazer o relato. Mas não. Só se ouvia música pimba, notícias e discos pedidos.

Entretanto o seleccionador de futebol mostra que não sabe dar murros no canal público e o país pára.

Isto não é forma de tratar a rapaziada da bola "não redonda".

Felizmente há o youtube para ver o hino e a haka, pelo que recomendo vivamente que entrem no youtube e pesquisem por "All Black Portugal".

Só para desenjoar.

57. Rejeição binária

Limpei finalmente a minha caixa de correio do Gmail. Quando ficou vazia, apareceu esta mensagem:

"Você não recebeu nenhum e-mail! Nossos servidores estão se sentindo rejeitados."

Não deixa de ser simpático, mas caros programadores da Google... amigos... deixem-se disso. Um pouco de sexo não faz mal a ninguém, muito pelo contrário. Os próprios médicos dizem que é bastante salutar.

Por isso, e como se diz em bom inglês:

"Get a life!".

sábado, julho 21, 2007

56. Black and White Blues

Para provar que a minha terra não era noticia só pelo Salazar ou pelo Serial Killer, temos as pequenas coisas que saltam à vista se estivermos com atenção e a olhar para o sítio certo. Numa noite de festa, alguns anos atrás dei elas. Pequenas, a preto e branco a lembrar os filmes antigos, poisadas no fio da electricidade que atravessava a rua a sete metros, espaçadas por trinta centímetros com uma precisão fabulosa e viradas todas para o mesmo lado. A principio pensámos que eram enfeites para a festa, mas depois descobrimos que eram andorinhas, milhares delas, pousadas em cima do mesmo fio de electricidade que atravessava uma rua.

Vim a saber que o expectáculo se repetiu durante anos, a mesma rua, o mesmo fio, só deus sabe se as mesmas andorinhas (duvido muito que elas próprias se distingam entre sí, pelo que imagino o forrobodó na altura da procriação - machos ou fêmeas deve marchar tudo...). Chamaram as televisões, mas nenhuma achou o espectáculo suficientemente interessante. Afinal não havia sangue, nem raptos, nem ninguém tinha sido enganado. Eram apenas milhares de andorinhas pousadas no mesmo fio.

Agora tudo acabou, por causa do progresso. O homem do talho comprou uma máquina de limpeza que faz muito barulho e elas nunca mais voltaram.

Ou seria do aquecimento global?

quinta-feira, julho 19, 2007

55. Terra pequena

Ser de uma terra pequena tem destas coisas...qual CSI Miami qual carapuça. A nova série deveria chamar-se CSI Santa Comba Dão, é o que é.

Desconhecida por muitos, esta terra é conhecida por três coisas: o vinho, o Salazar e o Serial Killer. Do vinho e do Salazar está tudo dito. Há quem goste, há quem não goste, há quem diga que fez bem, outros dizem que não cai bem. Mas aquilo que realmente queria falar aqui era sobre o Serial Killer que está a ser julgado na Figueira. Uma coisa é vermos estas coisas na televisão, outra completamente diferente é vermos o irmão de uma das vítimas e falarmos com pessoas que conheciam bem o presumível assassino.

Pelo que me contaram, a seguir ao assassinato da última rapariga, o ex-cabo da GNR foi a Fátima a pé. Pelo que disse uma das mulheres que integraram o grupo, ele estava todo arranhado na cara e passou algum tempo a esconder a mesma com um saco. Pelo que disse esta senhora, volta e meia integrava-se no grupo um homem que também se dirigia a Fátima e que passava o tempo a perguntar coisas ao grupo. Depois desaparecia e passado algum tempo voltava a apanha-los na peregrinação.

Quando perguntou se as mulher do grupo se sentiam em segurança, elas responderam que sim, "porque estavam na companhia de um ex-cabo da GNR", ao que este disse que "se alguém se meter connosco tenho uma surpresa para ele aqui no meu bolso".

A mulher entrou em pânico e apresentou-se de imediato na Judiciária para prestar declarações, vendo nesse momento que a pessoa que os tinha acompanhado na peregrinação era da Judiciária.

54. Bota fedorento nisso...!

Fui ontem ao blog dos Gato Fedorento. Além da loucura generalizada e constante, aquilo que mais me despertou a atenção foi o seguimento do percurso deles. Vemos os comentários deles aquilo que já vimos como trabalho realizado. Do melhor...

Aquilo que me despertou MESMO a atenção foi um comentário (ou melhor, um desabafo) que o Ricardo Araújo Pereira fez na altura da vitória do Engº José Socrates, dizendo que tinha pena que ele tivesse sido eleito há pouco tempo, porque assim ainda não tinha nada para dizer mal.

Vendo à distância o resultado na pérola humoristica "Diz que é uma espécie de Magazine", creio que aproveitaram bem o tempo, arregaçaram as mangas e fizeram o que sabem, achincalhar da forma mais inteligente e requintada...

quinta-feira, junho 28, 2007

53. Padres(2)

O falso padre desapareceu, deixando o carro abandonado no Cabedelo. Esta é a prova de que alguém lê o meu blog e decidiu protestar.

Pois proteste para a frente, que atrás vem gente... !

52. Cultivo da batata

Dizem as más linguas que Portugal é um país de gente inculta, incapaz de ler um livro ou ir a um espectáculo onde não haja um acordeão. Sendo isto verdade, não consigo entender o facto da exposição de Joe Berardo ter 25000 pessoas no primeiro dia (ok, era gratuito, mas entre ver uma coisa que não me interessa apenas pela sua gratuitidade, ou ver algo realmente interessante, opto sempre pela segunda). Ou então o facto dos espectáculos no Theatro Circo de Braga estarem constantemente esgotados.

Será que...

Será que o povo português não é assim tão inculto? Tenho de reconhecer que não temos uma cultura de "cultivação". Se a cultura é promovida apenas na sua vertente elitista, então chegará apenas às elites, e estas não precisarão de mais "cultivo".

Façam coisas mais acessíveis, com uma divulgação estudada, e conseguiremos três coisas fantásticas:

(1) Teremos mais pessoas a admirar a arte
(2) Teremos mais artistas, porque haverá um mercado maior para a arte
(3) Teremos menos pessoas a consumir porcarias porque terão eventualmente adquirido o bem mais importante de todos - um apurado sentido crítico.

Um exemplo: os livros de José Rodrigues dos Santos.

domingo, junho 24, 2007

51. Padres

Conheci um dia o Renato, um tipo porreiro, um verdadeiro génio da Informática. Além do gosto pela área, temos em comum o facto dos padres das nossas paróquias serem tema para as páginas dos jornais.

Tenho de reconhecer que o Padre da paróquia do Renato bate o meu padre aos pontos. Começa por nem sequer ser padre. Era um burlão que durante dois anos assumiu a paróquia de Areias. Durante dois anos ficou com o dinheiro dos peditórios que fazia para ajudar os pobres em África, realizou cerimónias, inclusivé casamentos que agora tiveram de ser considerados nulos. Celebrou um casamento na Sé de Braga.

O Burlão foi apanhado pela polícia em plena celebração de um baptizado.

O que me mete mais impressão é que os paroquianos gostavam dele.

No caso do padre da minha freguesia, pelo simples facto de ter um carro de alta cilindrada, os paroquianos viraram-lhe as costas...

sábado, junho 23, 2007

50. Crise de meia-idade

Dizem que os trinta é uma idade complicada, mas eu digo o contrário. Importou-me muito mais fazer agora 36 do que fazer os 30. Quando um tipo faz 30 anos, ainda está suficientemente perto dos 20 para não sentir grandes complexos, mas quanto um tipo faz 36, sentimos que estamos a caminhar para os 40, e isso mexe com uma pessoa.

No meu caso pôs-me novamente a fazer o balanço de uma vida. O que pesou mais na balança foi a perda contacto de pessoas que povoaram a minha infância e principalmente a atribulada fase de adolescência. No que toca a perder contactos sou um verdadeiro ás.

Penso sempre no que se podem ter tornado os meus amigos e colegas de então. De arrumadores de carros a políticos, tudo é possível, mas na época tinham todos a mesma idade, partilhavamos a mesma escola e os mesmos professores, aprendiamos o mesmo. Hoje em dia somos todos diferentes, cada com a sua vida mais ou menos definida.

No outro dia encontrei na internet o Sérgio, que era primo do Diogo. Os três fizemos um curso de Basic num colégio de padres em Braga, tinhamos treze ou catorze anos. Passava o tempo todo na casa do Sérgio, tinha um fraco pela irmã mais velha. Mas na altura a minha imaturidade não me permitia avançar.

Hoje, o Sérgio é um Astrofísico teórico, que passou pelo Carltech Institute e pela Universidade de Yale, e com trabalhos publicados.

O Diogo foi vice-presidente do PSD de Maio de 1999 a Março de 2000, sendo também porta-voz do PSD para a Sociedade de Informação e deuputado.

Mais recentemente, o meu colega de Universidade Filipe Morato fartou-se de trabalhar na área da Informática e lançou-se à aventura como fotógrafo, viajando por todo o mundo. Lançou agora o livro "Alma de Viajante", que foi tema de uma reportagem no telejornal (estás mais gordito, Filipe...). Por coincidência, Viajante é tambám o meu nick na Internet, eu que só faço 120 quilometrozitos por dia. Ou seja que vou ter de mudar de nick.

Estas histórias fazem-me pensar no que leva as pessoas a mudar de vida. Eu próprio tentei mudar, sair de uma boa empresa e tentar trabalhar como consultor numa época de crise e com mais um filho a caminho, não é pêra doce, mas existem pessoas que se tornam maiores do que as nossas vidas CTC.

Porque eu sou um CTC. O que não tem nada de mal se te satisfazeres com esses limites.

Já agora, um CTC é CASA-TRABALHO-CASA. Um CTC tenta viver o mais próximo de casa possivel. Normalmente proximo também da casa dos pais. Ou mesmo na casa dos pais.

A minha dúvida é saber de que forma eu, enquanto pai, e não tendo conseguido sair desta rotina, tentarei incutir nos meus filhos que devem tentar expandir os seus horizontes. O que fazer?
Espero que eles me ensinem. O tempo dirá se sou bem sucedido.

Só espero que no processo se livrem rapdamente da ministra de educação actual e não suba para o poder um pior.

domingo, junho 03, 2007

49. Honrosa excepção

De vez em quando pego em livros já muitas lidos e re-lidos. Dizem-me que é perda de tempo, mas cada vez que o faço descubro algo de novo.

Um exemplo?

Peguei no livro "Biliões e Biliões", do saudoso Carl Sagan, e logo capítulo introdutório leio o seguinte:

"Contudo, ainda há resistência à notação exponencial da parte de quem se dá mal com a matemática (apesar de a notação exponencial facilitar a compreensão, em vez de a dificultar ) e da parte de certos compositores que parecem ter uma irresistível necessidade de compor 109 como 109..."

E os compositores da editora Gradiva, feridos no orgulho da classe ou simplesmente adaptando o texto do original, incluiram o seguinte:

"...(os compositores da Gradiva são, como pode ver-se, uma honrosa excepção)."

Aplausos. Tirava-lhes o chapéu, mas infelizmente não uso...

sábado, junho 02, 2007

48. Avariado

Quinta-feira deram-me uma triste notícia ao chegar a casa. A televisão tinha avariado. Embora não sendo grande fã da televisão que se faz hoje, nos nossos 4 canais, reconheço que a casa ficou mais "vazia" e incompleta, mesmo sem a ter ligado no último mês. Para o resto da família isso pode significar o caos. Reconheço que se tivesse acontecido quando era mais novo, tinha entrado em "parafuso". Agora é perfeitamente natural.

Mesmo assim passo pelo lugar vazio na sala com a sensação de ter perdido um amigo.

quinta-feira, maio 31, 2007

47. Charrua-gate

Se medirmos um país pela dimensão dos seus escândalos, Portugal fica realmente muito mal visto. Na semana passada o país conheceu o caso do Prof. Charrua, que foi suspenso pela directora da DREN, acusado a partir de uma denúncia por ter insultado o primeiro-ministro.

Ora bem, temos portanto um professor que faz um insulto ao primeiro-ministro (algo que já se transformou numa moda nacional há uma data de anos), outro que o denuncia e uma professora que decide punir o primeiro com base numa denúncia. Creio que a classe dos professores sai mais maltratada do que a reputação do primeiro-ministro. Mas quem sou eu para decidir isto.

Se a moda pega voltamos ao tempo do antigo regime e dos primeiros anos pós-25 de Abril. Nesta altura o cartoonista Augusto Cid lançou um conjunto de livros onde caricaturava algumas figuras dos governos de então, nomeadamente Ramalho Eanes, Mário Soares e Álvaro Cunhal. Estes livros eram apreendidos pouco tempo depois de chegarem ao mercado, o que lembra um pouco o caso do Prof. Charrua.

E que dizer também do fim do programa dos Gato Fedorento? Foi premeditado ou terá incomodado alguém com poder para "carregar no botão"?

De qualquer forma, vivemos tempos difíceis. Não os tornem ainda mais dificeis...

segunda-feira, maio 28, 2007

46. A travessia do deserto

Mário Lino, o mesmo ministro que veio a público comer mioleira de vaca e dizer que era "perfeitamente seguro", contradizendo assim todos os estudiosos da área, vem agora afirmar publicamente que "a sul do Tejo era um deserto" e defendendo o futuro aeroporto da Ota numa zona pantanosa e de nidificação de toda a espécie de aves.

Quais serão os pré-requisitos para se ser ministro, além da mais profunda estupidez?

45. Era uma vez um canal privado...

Era uma vez um canal privado num paraíso chamado Venezuela. Acusado de estar implicado no golpe de estado que tentou tirar o poder a Chavez.

E agora, Venezuela? Que mais vais perder?

44. Má sorte

Dizem as "boas línguas" que a sorte existe. As más linguas dizem-no também, e mais amíude, talvez por experiência própria...

No outro dia vi um filme chamado "secrets" e que girava em torno de um conjunto de entrevistas a pessoas que tinham descoberto o segredo da "lei de atracção", a qual não tinham qualquer conotação sexual, esclarecendo apenas um facto que todos pressentimos - tudo o que nos acontece é predestinado, ou resulta da atracção, do nosso estado de espírito.

Se pensarmos bem, isto é verdade. Se olharmos para a maioria dos casais, vemos semelhanças estranhas nos dois, se calhar semelhanças que nem eles próprios sonham ter.

Se estamos tristes atraímos ainda mais tristeza, dizia o filme. Se fosse verdade, uma pessoa que entrasse em depressão chegaria rapidamente ao suícidio. Se estamos felizes atrairemos mais felicidade.

Tive um caso prático hoje de manhã, na qual me sentia um lixo, numa segunda-feira antes de ir para o emprego. Como cheguei cedo, decidi ir ao centro tomar o pequeno almoço a um café diferente, um perfeito "mimo" para o ego. A ver se o levantava, tipo "viagra". Tarefa dificil nos tempos que correm...

Chegando ao café, estavam todos na penumbra, armados de esfregonas. A montra cheia de bolos abriu-me o apetite e pedi um lanche misto e um pingo directo. A senhora explicou-me, com um ar talvez mais arrasado do que o meu, que tinham sofrido uma inundação provocada pelo rebentamento de um cano. Por isso não podia fazer café, pelo que me serviu um nescafé com uma cafeteira mínuscula de leite.

A pergunta é, se um estivesse de bom humor, teria o cano rebentado?

Este pensamento simples alegrou-me o resto do dia. Não fosse acontecer uma tragédia.

(Afinal a tragédia aconteceu - saltei a numeração dos posts e mandei o 43 para o c...lho. Paciência assim tem mais piada.)

sábado, maio 26, 2007

42. Flashfront

De vez em quando surgem conceitos novos, ou pelo menos raros, em televisão ou cinema mas como estamos absorvidos pelo enredo por vezes não nos apercebemos. Tal como na vida - existem pequenos milagres diários dos quais só nos apercebemos se prestarmos muita atenção a tudo o que nos rodeia. O problema é que na vida actual tudo avança a uma velocidade tal que não temos tempo para estas pequenas coisas que no final é aquilo que traz algum sabor à nossa existência.

Vi ontem o último episódio da terceira temporada da série Lost, com a mesma fome de quem não come à mais de quinze dias. Como é hábito, ao longo do episódio desenrola-se uma história paralela sobre um dos personagens, sob a forma de um flashback. Ou seja, uma história sobre a vida passada, o que funciona muito bem depois de nos habituarmos.

Neste último episódio, e mais concretamente no último minuto, apercebemo-nos de que estivemos a ver não um aspecto da vida passada do Jack, ou seja um flashback, mas sim um "flashfront", nome inventado por mim, porque neste caso a história se passa no futuro, já fora da ilha, e revelando apenas os pormenores necessários para esperarmos ansiosamente pela quarta temporada, a qual se vai desenrolar no mesmo formato do 24.

Fabuloso e ao mesmo tempo imperdível, mas como sempre, apenas para os apreciadores. Como um bom whisky.

quarta-feira, maio 09, 2007

41. Post Sem título

Não consegui dar um titulo a este post, tal como não tenho palavras para descrever o que sinto quando ouço as atrocidades que acontecem a crianças.

Sendo pai de duas crianças, de 3 e 9 anos, não me consigo pôr no lugar de determinados pais, mesmo sabendo que pode acontecer a todos. Falo de Madeleine, a menina Inglesa raptada da casa onde estava a dormir em Lagos. Não faz sentido. E as autoridades que não sacudam as culpas porque demoraram onze horas até fecharem as fronteiras.

Mas existem outros casos, menos mediáticos mas mais dramáticos. Um menino de 4 anos, filho de um funcionário de um cliente da minha empresa, tem Leucemia, com prognostico muito reservado.

Hoje ao abrir o jornal, vejo no obituário a notícia do falecimento de uma criança de 5 anos.

E nós aqui, a lutarmos pelas nossas vidinhas, muitas vezes consumidos por considerações fúteis.

Não faz sentido nenhum.

40. Serial Killer

Ontem o Nuno Markl comentou um facto ao qual tenho de dar razão. Dizia ele na Antena 3 que os Americanos deveriam começar a fazer séries más. Isto porque a qualidade das séries que estão a dar actualmente é tão grande e prendem de tal forma que é rara a noite em que não dê um novo episódio num qualquer canal.

Dizia ele também que isto não se passava se fosse o Barco do Amor.

Ou o Michael Knight ("Kit, venha me buscar").

quinta-feira, maio 03, 2007

39. Anteriormente, neste blog

É assim que começam todos os episódios da famigerada série "Perdidos". Previously on Lost.
Quando começou a dar na TV, só apanhei a partir do quarto ou quinto episódio da 1ª série, pelo que fiquei completamente confuso e completamente averso à série. Não entendia como é que tanta gente conseguia gostar daquilo.

Recentemente comecei a ver os episódios seguidos da primeira série, a partir do primeiro, e finalmente entendi que a confusão que sentira anteriormente era propositada e estudada ao pormenor. Vi (ou seja devorei) cada episódio como se não houvesse amanhã, ficando acordado até ser vencido pela exaustão, ansiando sempre por mais um episódio. Até que fiquei bloqueado no último episódio da 2ª série - um problema qualquer bloqueava este episódio. O meu alto estado de ansiedade levou-me à conclusão de que aquilo era uma droga, criava habituação. O meu organismo estava viciado na adrenalina causada por cada episódio. O facto de não conseguir ver o climax da 2ª série fez-me acordar.

Estava a ser manipulado. Porquê e por quem? Uma pesquisa rápida na net deu-me a perceber parte da história. No fim da década de 90, a televisão estava moribunda pela estagnação causada pela repetição dos mesmos modelos. Eis que surgem séries de grande qualidade, das quais Lost, Donas de Casa Desesperadas, 24, Prison Break são alguns modelos. Como linha comum têm uma história que se prolonga no tempo sem perder nunca a tensão. Para isto são necessários enredos de qualidade, que não percam o interesse, bem como actores competentes.

A primeira série de Lost, é, a meu ver, do melhor que se fez em televisão. O expectador (e nunca esta palavra levou tão longe o sentido de expectar), ganha uma familiaridade tal com as personagens que facilmente nos transportamos para a ilha. Ninguém é perfeito. O meu elemento favorito? Hurley.

Alguns pormenores interessantes que descobri:

(1) O episódio piloto foi o mais caro de sempre feito para televisão. Custou entre 10 e 14 milhões de dólares e o lugar do executivo que assinou o projecto. Como é hábito, todas as revoluções reclamam as suas vítimas.

(2) Com todos os milhões envolvidos, ninguém se lembrou de alterar o genérico inicial, que qualquer pessoal a tirar um curso de 3d Studio consegue fazer na primeira aula. E sem o defeito no S. Se reparem bem, a perna do S torna-se transparente à medida que se aproxima. Mas isto marca a diferença. Não se pretende nada que interfira com a tensão.

(3) A boazona da Kate está noiva de um dos actores da série. Quem será? Dado que ela se está a atirar tanto ao Jack como ao Sawyer, é dificil ver. Será ao Jack? Será ao Sawyer? Acertaram. A boazona da Kate está noiva do Charlie. O palermóide que entrou no Senhor dos Anéis e que aqui é o drogado de serviço.

(4) Na terceira série entra o actor Brasileiro Rodrigo Santoro. Este facto encheu de orgulho o nosso pais irmão. Mas poucos episódios aguentou, porque foi mal aceite pelo público. E como foi mal aceite, saíu tão rápido como entrou, mas de uma forma mais brutal: foi enterrado vivo. Mesmo assim o pobre coitado teve a oportunidade de fazer de Xerxes no filme "300".

Ou seja, voltamos ao espírito das séries intermináveis que davam nos anos 70 (género "O Fugitivo"), que nunca chegavam ao seu climax. Reinventámos a roda e ainda assim eles chamam isto de revolução. Recuso-me a ser manipulado. É fácil ver na net os resumos de cada episódio. Na wikipedia basta procurar por Lost e por Spoilers.

Um pormenor interessante em volta de isto é o aumento do interesse pelas pessoas em volta das séries. Antigamente as pessoas ligavam mais aos filmes do que às séries. A diferença está no tempo em que se condensa o enredo, comprimido em duas horas ou desenvolvendo-se ao longo do tempo. Hoje as pessoas acham compensador gastar dezenas de horas à frente do televisor ou do computador a visionar episódio por episódio das séries.

Passou a ser comum ouvirmos alguém dizer "passei o fim-de-semana a ver a primeira série do 24". Geralmente é fácil vermos as pessoas que fazem isto - têm os olhos do tamanho de azeitonas rodeados por grandes manchas negras de cansaço. Para aliviar a sobrecarga de adrenalina passam uma semana a bater com a cabeça na parede.

Mas se é adrenalina e uma experiência mais duradoura de imersão, porque não ler um bom livro? Façam-no e aproveitem melhor o tempo.

Sejam manipulados em grande estilo.

segunda-feira, abril 23, 2007

38. Bombástico!

Num era de mediocridade, estamos de estar atentos a tudo o que sobressai, sob pena de chegarmos ao fim da década e de respondermos com um encolher de ombros aos putos da altura que nos perguntarem sobre como foi esta década. Um bocado como os anos noventa. O que foi a melhor coisa que aconteceu nos anos noventa? Só o início do revivalismo dos "loucos" anos 80, anos em que começamos realmente a gozar a nossa liberdade.

Vem isto a propósito do programa dos Gato Fedorento que deu no domingo, e em especial uma rábula sobre o "Dr. House", onde debatiam o caso do joelho do Mantorras. Ou seja, de uma assentada, quatro coisas de que gosto ou que me dizem muito:

  • Gato Fedorento, quatro corajosos que lutam contra o tempo e contra o marasmo deste país. É um trabalho sujo fazer rir, mas alguém tem de o fazer. E da forma que o estão a fazer é bem possível que lhes faça mal à saúde.
  • Dr.House, porque é uma série bem escrita que tem o equilibrio em todas as frentes.
  • Humor, porque a vida não é só tristezas.
  • Benfica, porque gosto de sofrer todos os anos, sei lá.

No fim da rábula, sugeriram "provocar um aborto histérico" na eventual "gravidez histérica" do Mantorras, e quando iam a iniciar o "tratamento" recebem um telefonema a relatar que o cartão da "Médis Angolana" já não era válido no nosso país.



domingo, abril 22, 2007

37. Grafittis e consumismo

Fui passar o fim de semana a Lisboa. Algo que faço com alguma regularidade para desenjoar da "nortalidade". De tudo o que vi ficaram-me duas imagens muito vincadas.

A primeira tem a ver com a quantidade enorme de grafittis que existe em tudo o que é lado. E o pior é que ninguém se lembra de dizer, antes que não fique uma parede de um monumento por estragar, que aquilo é crime. À alguns anos aconteceu a mesma coisa, mas houve uma campanha televisiva que mostrou que não se devia fazer, e a coisa acalmou, agora, só porque numa dessas séries que ninguém vê mas todos sabem, um puto fazia grafittis, pimba! Tudo o que é parede já está sarrabiscada. Ou então aprendam a fazê-lo bem.

A segunda coisa que guardei na memória foi a resposta que uma mãe deu à filha que queria que lhe comprasse qualquer coisa: "Ora, a menina não seja consumista!". A miuda não teria mais de quatro ou cinco anos, e para ela vai a minha mensagem de apoio. Com respostas destas não admira que as pessoas se tornem psicopatas...

sexta-feira, abril 20, 2007

36. Pânico na Universidade

Esta semana foi notícia o massacre perpetrado na Universidade Técnica da Virginia por um estudante de Inglês, de origem Sul-Coreana. O rapaz que se suicidou após ter matado 32 alunos e professores, começou por matar dois alunos na residência universitária, depois ainda teve tempo para ir aos correios enviar um conjunto de vídeos e fotografias à NBC e posteriormente dirigiu-se à universidade para continuar a matança.

Tudo indica que o rapaz sofria de problemas mentais e que tinha dificuldade em se relacionar com os demais, fruto da sua condição de estrangeiro e do seu pouco domínio da língua. Por alguma razão estava a estudar inglês. O mal deste caso em concreto reside no facto dos colegas o perseguirem activamente.

Pergunta:

Que sociedade é que permite que alguém com problemas mentais já identificados possa comprar armas?

Tendo ele indicado no material que enviou à NBC uma referência ao tristemente célebre massacre de Columbine, e brilhantemente retratado pelo documentário de Moore, significa que vai haver alguém que tentará ultrapassar o massacre de Vírginia?

Porque carga de água é que apareceram em todos os jornais a fotografia dele empunhando as duas armas?

Pondo de lado a hipótese de ter usado um suporte, quem tirou esta fotografia?

E quando é que os Estados Unidos aprendem que com armas não se brinca?

Estou mesmo a ver o diálogo que o puto teve com a pessoa que lhe vendeu as armas. Deve ter sido algo como:

- Bom dia, pretendia comprar uma arma.

- Sim senhor, é para defesa pessoal, caça ou massacre.

- Massacre.

- Pois muito bem. Para massacre tenho estas muito boas. Estão em promoção. Pelo preço de uma leva duas. E pensa suicidar-se no fim?

- Ah...sim...

- Então se não se importa o pagamento terá de ser feito em dinheiro. Ordens do patrão.

- Com certeza. E já agora o senhor não se importava de me tirar uma fotografia com as armas? É para mandar para a minha mãezinha...

terça-feira, abril 10, 2007

35. Páscoa

Nunca liguei muito à Páscoa, mas este ano foi especialmente morta. Poderiamos pensar que isso tivesse a ver com a perda das tradições, mas não. Grande parte das pessoas da minha freguesia, em resposta à polémica do padre que comprou um carro de grande cilindrada, não abriu a porta ao compasso.

O pároco de uma freguesia vizinha tem um BMW, mas isso não é notícia, porque hoje em dia ter um BMW já se tornou um facto banalizado...

34. Sacristão

Vou contar uma anedota que ouvi este fim-de-semana, e que é aparentada com uma anedota similar que corre pela net sobre um funcionário da Microsoft...

Era uma vez um sacristão que era muito bom sacristão, até ao dia em que lhe dizem que tinha saído uma lei que só permitia sacristãos com a 4ª classe. O nosso bom homem deixou então de ser sacristão e procurou outro trabalho. Perto da igreja é abordado por um índividuo que lhe perguntou se sabia onde havia uma tabacaria, ao que o sacristão indicou a tabacaria mais próxima, que ficava bastante longe. Tem uma ideia brilhante. Podia ser um bom negócio montar perto da igreja uma tabacaria. Pegou nas suas economias e abriu uma tabacaria, que teve tanto sucesso que passado pouco tempo ele desatou a abrir tabacarias, todas próximas de Igrejas para servir o pessoal que ía à missa.

Um dia foi entrevistado pela televisão, que lhe perguntou "se mesmo não tendo a 4ª classe, o que seria ele se a tivesse"?

Ao que ele respondeu "Se tivesse a 4ª classe seria sacristão".

sexta-feira, abril 06, 2007

33. Insensibilidade

Deu na passada quinta-feira, a horas impróprias como é hábito, mais um episódio do Dr. House. Sendo completamente fanático pela série estou sempre na dúvida entre o perder um episódio e estar bem disposto na sexta-feira de manhã. Desta vez o episódio centrou-se numa adolescente com uma doença que se denomina por Congenital insensitivity to pain with anhidrosis (CIPA). A CIPA faz com que as pessoas não consigam sentir dor nem diferenças de temperatura. Pelos vistos existem apenas 60 doentes nos Estados Unidados.

E pelo menos um caso em Portugal. Em Lisboa trabalhei com uma senhora que não conseguia sentir dor. Quando tinha de ir ao dentista, nem sequer precisava de anestesia (será que pagava menos por isso?). Segundo dizia ela, não conseguia sentir dor, apenas tonturas. O mais interessante neste caso era o apelido da senhora: "Dores".

Tem tudo a ver...

terça-feira, abril 03, 2007

32. India

Para quem se interessa minimamente pela religião, não pode deixar de visitar o site www.tombofjesus.com, onde encontramos uma série de provas documentais da presença de Jesus na Índia logo a seguir à crucificação. Brutal.

segunda-feira, abril 02, 2007

31. Padre a alta velocidade

Estava-me a preparar para falar sobre a semana santa quando rebenta a bomba. O padre da minha freguesia anda, ou melhor, corre na boca do mundo. A história é simples, sendo padre de três paróquias, o Pe. António Rodrigues tem frequentemente de correr de missa para missa, pelo que decidiu comprar um carro adequado, um Ford Fiesta 200 ST. A associação de cidadãos auto-mobilizados decidiu queixar-se ao mais alto nível, enviando um comunicado às mais altas instâncias da Igreja, entre eles Bento XVI. Se for verdade que ele corre na A25, é, a meu ver grave, mas fora isso só demonstra ser um homem como os outros.

Não resisto a colocar aqui o comunicado que pode ser encontrado em www.aca-m.com

Comunicado de 2007/03/22

Face às notícias surgidas na imprensa de ontem sobre o comportamento rodoviário anti-social de um pároco de Santa Comba Dão, a direcção da ACA-M decidiu dirigir-se ao Papa Bento XVI, à Conferencia Episcopal portuguesa e ao Arcebispo de Viseu, pedindo à hierarquia eclesiástica que ajude aquele sacerdote a exorcizar o seu desmedido prazer pela velocidade que a potência do seu Ford Fiesta 200 ST lhe permite atingir.

A Sua Santidade o Papa Bento XVI
Sumo Pontífice da Igreja Católica


A Sua Eminência Reverendíssima Dom Jorge da Costa Ortiga,
Arcebispo de Braga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa


A Sua Eminência Reverendíssima Dom Alfio Rapisarda
Núncio Apostólico da Cúria Romana em Portugal

A Sua Excelência Reverendíssima
Dom Ilídio Pinto Leandro

Bispo de Viseu

A Sua Reverência Padre António Rodrigues
Pároco do Couto do Mosteiro

Dirigimo-nos a V. Santidade para apresentar o seguinte pleito:
O comportamento rodoviário anti-social do sr. Padre António Rodrigues, pároco do Couto do Mosteiro, em Santa Comba Dão, foi noticiado ontem, dia 21/03/07, em alguns jornais diários portugueses (Público, p. 14, “Um padre movido a fé e adrenalina”, 24 Horas, p. 21, “O padre tem uma máquina... dos diabos”).

O sr. Padre António Rodrigues orgulha-se de ser proprietário de uma “autêntica bomba”, um Ford Fiesta 200 ST de 150 cavalos de potência, adquirido “no estrangeiro”, e de “andar no picanço na A25” (competir com outros utentes daquela que já foi conhecida internacionalmente como a “estrada da morte”, tantas foram as vítimas mortais naquele trajecto).

O sr. Padre António Rodrigues, que afirma gostar da “adrenalina provocada pela velocidade” e “de sentir a potência debaixo do pé”, vangloria-se ainda de o seu automóvel chegar facilmente aos 210km/h, acrescentando que “Graças a Deus” nunca foi multado, e que, antes de padre é um ser humano.

Finalmente, admite que utiliza o seu carro para levar os jovens [das aldeias] a “dar uma volta”, e para “chegar a tempo às 3 igrejas da paróquia” (que distam entre si não mais que 13 km).Foi com horror que a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados tomou conhecimento destas notícias. E é com natural incómodo que nos dirigimos a V. Santidade para notar que:

1) Um padre é um cidadão. Nesse sentido, não pode colocar os seus deveres de padre (chegar a horas às diferentes igrejas onde oficia, transportar jovens entre aldeias) à frente dos de cidadão. Numa palavra, não se pode colocar acima da lei da república portuguesa.

2) Um padre católico é um homem, mas antes de ser homem é padre. Caso pusesse o ser “homem normal” antes do sacerdócio, não haveria motivo para cumprir o princípio do Celibato. Ora um padre tem de dar o exemplo, porque nele o Sentido Ético é o mais importante.

3) Um padre é um predicador – não por acaso é tantas vezes também professor de Religião e Moral. Um guia espiritual que molda o comportamento e valores de outrém.

4) Um padre é, sine qua non, um modelo de virtudes – não pode ser um repositório de pecados.O arrepiante comportamento descrito nas notícias testemunha um deslumbramento ingénuo pela velocidade, pela ilegalidade, e pela irresponsabilidade social, que é seguramente condenável pela hierarquia da Igreja católica. Mais ainda, o sr. Padre António Rodrigues parece crer, na sua cega vaidade, que a providência divina o favorece, permitindo-lhe fugir às sanções judiciárias humanas.

Como ele diz: “Graças a Deus, não [sei] o que é uma multa”.

Acreditamos que o sr. Padre António Rodrigues não esteja agindo de má fé, e acreditamos ele conseguirá arrepiar caminho e compreender quão longe se encontra hoje dos valores implícitos no sacerdócio que assumiu. Vimos assim pedir a V. Santidade que ajude este infeliz pároco a ponderar a gravidade dos seus actos e a imodéstia das suas palavras, e a resistir às tentações conjugadas da velocidade e da vanglória.

Despedimo-nos respeitosamente.Direcção da ACA-MLisboa, 21/03/07


Ecos na imprensa internacional:

Rev isn't always short for reverend, Reuters, 26 de Março.
Grupo pede que padre resista às tentações da velocidade, O Globo Online, 26 de Março.
Caso do padre que tem carro turbinado vai parar no Vaticano, G1, 27 de Março.
Portuguese priest gets chastised for indulging in sporty car, Autoblog, 27 de Março.
Speeding priest prompts complaint to the Pope, Gulf Times, 27 de Março.
Pope urged to put the brakes on racy priest, Business Report, 27 de Março.
'Speed freak' priest, The Mercury, 27 de Março.
Priest's car passeth all understanding, Saturday Star, 27 de Março.
No more revving for racing reverend, Ottawa Sun, 27 de Março.

domingo, abril 01, 2007

30. Mal-entendidos

Três anedotas rápidas para quebrar a banalidade deste blog. O tema são os mal-entendidos, ou como devemos ter cuidado com as palavras que usamos. Por vezes podem ter consequências fatais.

(1)

Noticia no jornal: "Vende-se cão, come de tudo, gosta de crianças"

(2)

Noticia no placard de uma Igreja: "O clube de jovens mães reune-se às quartas-feiras, pelas 21h30. Para ser uma jovem mãe dirija-se ao Sr. Padre."

(3)

Há alguns anos atrás houve um concurso a nível internacional para escolherem a melhor anedota. Algo como a eleição do melhor português, mas com mais piada. Venceu a seguinte:
"Dois caçadores foram caçar para o monte e um deles caiu a um buraco, ficando inconsciente. O outro desce para junto dele e liga pelo telemóvel para o 112.
- O meu amigo caiu e está inconsciente. Que devo fazer? - pergunta o caçador, preocupadíssimo.
- Em primeiro lugar, certifique-se que está morto - respondeu o operador do 112, que ficou à espera de resposta do caçador.
Entretanto ouve-se um tiro do outro lado da linha.
- Já está, e agora?

29. Pequeno raio-de-luz

Sendo um cinéfilo minimamente interessado, não posso deixar a oportunidade para falar de um filme que vi ontem e que já estava na minha lista de "filmes a não perder" desde que o Markl se fartou de o gabar, ainda antes de se saber que era um dos nomeados aos óscars. Trata-se de um filme independente, de low budget, Miss Little Sunshine, e que conta a história de uma viagem em família.
Dito assim podiamos estar a falar de mais de uma centena de "road trip films", onde um grupo sai do seu elemento e se confronta com situações completamente desconhecidas. No cinema Americano, na maior parte das vezes o que se sucede são gags encaixados furiosamente como quem tenta pôr toda a roupa dentro de uma mala pequena. A coisa raramente funciona.
Miss little sunshine é diferente. Em primeiro lugar é uma comédia dramática, onde tanto podemos estar comovidos com as tristes histórias de cada um dos elementos da família, como no momento seguinte rimos histericamente com as situações colocadas.
Depois há a sensação de familiaridade com cada um dos elementos, todos conhecemos alguém com quem podemos identificar cada um. O avô tem problemas de toxicodependência, o tio é homossexual e maniaco-depressivo, o filho tem o sonho de ingressar na força áerea, e como forma de provar o seu empenho nesse sonho não fala há nove meses. A filha mais nova sonha em fazer parte de um concurso de beleza infantil, embora tenha problemas de peso, o pai é especialista em "promoção pessoal", a tentar lidar com o seu insucesso. A mãe tenta fazer os possíveis para que a família funcione.
O filme fala de uma sociedade que promove a competição, o ganhar a todo o custo, mas através dos dialogos mais intelegentes que se tem visto nos últimos tempos no cinema americano, vamos descobrindo o valor da família e que o vencer não é o mais importante. O que importa é o que ganhamos ao tentar vencer.

sexta-feira, março 30, 2007

28. Italian love kids...

Este era o slogan patente numa camioneta que vi hoje. Por baixo aparecia uma imagem de crianças vestidas todas da mesma forma, pelo que se imaginava que fosse uma loja de roupa infantil. Certo.
Mas se pusessem um slogan a dizer "Os Portugueses gostam de crianças", até podiam pôr uma fotografia do papa por baixo, que iam todos pensar em porcarias.

quinta-feira, março 29, 2007

27. Curva à direita (2ªparte)

Depois da chuva aparecem as coisas mais estranhas à superfície. Depois da estranha vitória do Salazar como o maior português de sempre (pela mesma lógica de ideias, Camões seria um sério candidato ao maior ditador português de sempre), apareceu um caramelo de extrema direita a querer mandar os imigrantes para a terra deles. No cartaz alguém já tinha atirado um balde de tinta "castanha". Seria mesmo tinta?

26. Terra Virtual

Por motivos pessoais, sigo de perto os fenómenos informáticos, e interesso-me particularmente com a rapidez com que as pessoas que usam apenas a informática como hobby ou diversão aderem a novidades. Exemplos disso temos o messenger, o correio electrónico e o browser. Um dos últimos fenómenos foi o Googleearth (e digo dos últimos em sentido figurado, porque a coisa já tem uns tempitos...), que pegou com a velocidade de um F1. De um momento para o outro passámos a ouvir com alguma frequência algo como "onde é que fica a minha casa?".

O universo dos googleearth maniacos podem dividir-se em dois grandes grupos: os que só querem ver as suas casas e arredores, e os que, como eu, gosto de ver tudo. Imaginar trajectos pitorescos e fazer viagens virtuais sem gastar um tusto...

Dessas viagens guardo recordações também virtuais. Londes e Paris são fantásticas, sendo Paris uma cidade extremamente cinzenta vista de cima. Lisboa tem também os seus encantos. Aconselho uma visita ao Colombo, que é fabuloso visto de cima. Outro sítio deslumbrante é a cidade proibida em Pequim, e de uma forma geral toda a costa chinesa.

Se tiverem oportunidade, vejam os arredores das cidades Americanas, aqueles subúrbios de casas todas iguais que vemos nos filmes, tão iguais que parece impossível os moradores não se enganarem na casa e só darem por ela quando disserem "Querida, cheguei..."
Vistos do alto, e pelo menos aqueles que eu vi, apercebemo-nos que as ruas desses subúrbios não são direitas, parecem as linhas das cascas dos caracois. E todas com um aspecto ordenado, a contrastar com o nosso caos urbanístico, onde cada um constrói o que lhe apetece onde apetece.

De qualquer forma, um muito obrigado aos senhores que tiveram esta ideia - graças a eles eu posso dizer "eu estive lá". Virtualmente falando.

quarta-feira, março 28, 2007

25. Curva à direita

Embora sendo conterrâneo de Salazar, não é por isso que deixo de condenar a sua vitória como o maior Português de Sempre no programa que deu na RTP1 no último domingo, da mesma forma que não faço uma festa sempre que estou no estrangeiro e me cruzo com um Português - se estivesse em Portugal se calhar nem um Bom Dia trocariamos, mas como estamos numa terra estranha, subitamente somos bons amigos.

A dita vitória, onde conseguiu 41% da votação por telefone, sendo que o segundo colocado, Álvaro Cunhal, não passou dos 17%, segundo creio, é algo tão complexo como a estupidez do referido programa - que mesmo assim fez subir as audiências da RTP. Salazar só ganhou por dois motivos simples: o primeiro deriva de uma tentativa das pessoas de manifestarem o seu desagrado com o regime actual, sucumbindo a uma amnésia selectiva - esquecem-se de que o Antigo Regime foi uma época muito mais austera do que a actual, sem qualquer respeito pela liberdade pessoal das pessoas. 33 anos passados do 25 de Abril, as pessoas esquecem-se o que é viver num regime ditatorial, porque tomam a sua liberdade como algo garantido. As únicas duas coisas favoráveis a Salazar foi o de ter equilibrado as nossas finanças numa altura em que todos os outros países eram afastados por uma crise devastadora, e também pelo facto de ter conseguido a nossa neutralidade.

Em segundo lugar, acredito que Salazar só ganhou porque todos os radicais de direita e outros saudosistas que existem neste país deven ter votado em força, tal como a grande maioria dos comunistas votaram em Cunhal, o que o colocou no segundo lugar do pódio.

Num inquérito independente ao qual responderam cerca de 2000 pessoas, creio que ganhou o D.Afonso Henriques, o qual talvez não tendo uma personalidade muito diferente da de Salazar no que toca à forma de dominar o povo, pelo menos deixou uma obra que será lembrada para sempre de uma forma positiva.

Outro facto interessante, Camões e Pessoa, únicos representantes da cultura, tiveram votações baixissimas, o que espelha a consideração que o português tem pelo seu legado cultural.

E nos outros países, como correu este tipo de votação? Nos Estados Unidos ganhou Ronald Reagan, na Inglaterra Churchill, na França Charles de Gaulle. À excepção da votação dos Estados Unidos, concordo com as votações de Churchill, sem o qual o resultado da segunda guerra mundial teria sido muito diferente, e De Gaulle.

Ponto positivo desta polémica, ter visto a reacção colérica da Odete Santos, em grande pose teatral a afirmar "A apologia do fascismo é proibida pela constituição".

Ponto muito negativo: é triste estarmos todos a pagar para a triste figura que a nossa televisão pública faz. Deixemos esses papeis rídiculos às Sics e TVIs, que é para isso que aí estão, para distrair o povinho.

E mais nada!...

terça-feira, março 20, 2007

24. O umbigo da Claudia Schiffer

Esta vai ser uma rapidinha. Gostava de perguntar a quem de direito a razão pela qual este país está sempre tão desejoso de "atrair capital estrangeiro". Portugal não tem grandes recursos que seduzam investidores que não seja a mão de obra barata com mais qualidade que existe no mundo. Conforme dizem os especialistas, o Português está entre os melhores no que toca a trabalhar. Pelo menos quando trabalham lá fora, não tenho dúvida nenhuma, suam as estopinhas e não se importam de fazer sacrifícios, porque sabem que vale a pena - se querem comprar um carrito, uma casa ou montar um café ou um supermercado aqui têm de o fazer.

Mas o problema é que o investidor quer apenas mão de obra barata. Se a encontra noutro sítio, não vê grandes inconvenientes em mudar de localização.

Por outro lado, este país tem uma localização periférica na Europa. Tem dois grandes portos (Leixões e Lisboa), que estão entre os mais caros da Europa - o que é ridiculo para um país que podia fazer da sua localização estratégica (Africa, América do Norte, América do Sul, Mediterrâneo) uma mais valia.

Por isso, porque não nos concentramos em apoiar as iniciativas locais, dos empresários locais, devidamente preparados para enfrentar os desafios do mercado global e sem a mentalidade de "chico-esperto", de desenrasca. Vamos produzir, vamos explorar o único recurso que resta a este país, que são as suas gentes. Partamos de novo ao desconhecido como fizeram os nossos antepassados. Temos um potencial enorme para servirmos de intermediários entre o Brasil, Angola, Moçambique, e o resto da Europa, o que estamos à espera?

Portugal é como o umbigo da Cláudia Schiffer - pode ser o umbigo mais interessante do mundo, mas não passa disso, e há coisas mais interessantes à volta para explorar.

segunda-feira, março 19, 2007

23. Burrocracia

Sucedeu algumas semanas atrás. Um cozinheiro alemão residente há alguns anos no nosso país suicida-se depois de mais um problema burocrático no arranque de um restaurante no Algarve.

Depois de seis anos a lutar para abrir um restaurante, Frank-Peter Marcischewski finalmente tem tudo pronto, faltando apenas levantar o alvará, que segundo informações já estava pronto. Dirigiu-se primeiro às finanças, onde uma funcionária lhe terá dito que não era ali que se levantavam as licenças, mas sim na câmara. Conhecendo os funcionários das finanças como conheço, a informação terá sido dada com todo o respeito e delicadeza.

Depois dirige-se à camâra onde o informam que o alvará não estava no seu nome, mas sim do sócio com o qual tinha iniciado o projecto, pelo que ele ficou na ideia que não conseguiria abrir o restaurante no dia seguinte, como era o seu objectivo. Por causa disso, pegou no carro, foi até Sagres, pagou 3 euros para entrar no promontório como qualquer turista e atirou-se da falésia.

Esta história faz-me pensar na estupidez natural que grassa em alguns dos nossos serviços públicos (atenção senhores e senhoras, gastem algum do vosso tempo para meditar na razão de existir o vosso emprego - serviço público). O mais grave nisto tudo é que podia ser resolvido facilmente, e ele poderia ter aberto o restaurante sem problemas e em poucas semanas ter o seu nome averbado ao alvará.

22. Decisões

Tem este post a ver com decisões com comboios. No mês passado uma velhota em Viana caíu na linha de comboio, e sofrendo de artrose não se conseguiu levantar. Esperou bastante tempo à espera de alguém, mas ninguém passou para a ajudar a levantar. Eis se não quando ouve vir o comboio e faz a única coisa que podia para salvar a vida: encolheu-se entre os carris enquanto a locomotiva lhe passava por cima, sobrevivendo sem um raspão.

Comentei este facto com uma senhora de Monção, começando a narrar os factos com um singelo "Ouviu falar naquela senhora que caiu na linha do comboio?", ao que a senhora responde "outra?". Ao que parece uma senhora de nacionalidade brasileira tinha-se suicidado atirando-se à linha do comboio.

Como são mais as pessoas que se suicidam do que as que se salvam, a noticia que saiu em todos os jornais e televisões foi a da velhota, pelo que não deve ter saído em lado nenhum a noticia do suicidio. Se a brasileira tivesse escolhido um meio menos comum, do género trinta machadadas, teria sido primeira página em todos os jornais, e todos quereriam saber as razões que a tinham levado a isso.

Ou seja, e não sendo novidade nenhuma, só é notícia o que salta à vista. Como dizia o Markl, "não é notícia quando o cão morde o homem, mas sim quando o homem morde o cão."

terça-feira, março 06, 2007

21. E agora, Hugo?

A Venezuela tem para mim um significado pessoal dado que tenho lá bastante família, pessoas que saíram das ex-colónias para fugir à descolonização apressada que se seguiu ao 25 de Abril. Nessa altura a Venezuela era uma terra rica em recursos, tão rica que os venezuelanos pouco faziam para ganhar o seu sustento, e tão desorganizada que o Portuguesinho se sentia imediatamente em casa. Fartaram-se de abrir padarias e cafés, sempre com o sonho de voltar, mas com a desvalorização monetária que o Bolívar sofreu, chegou um dia em que tiveram de tomar uma decisão, ou voltavam e vinha quase de bolsos vazios, ou ficavam mais uns tempos à espera que a coisa melhorasse lá.

Mas a coisa não melhorou, muito pelo contrário. Entra em cena o único regime de esquerda eleito democraticamente por um povo cego pelas suas promessas - e esquecido do resultado que deu esse tipo de regimes no passado e no presente, na URSS, na China e em Cuba. É pena que essas pessoas que elegeram Chavez não saibam o suficiente sobre a realidade desses países, onde a troco de uma relativa igualdade de riqueza (o que significa que não existem ricos, à excepção dos altos cargos políticos que enriquecem quanto querem).

À diferença de Cuba, com a qual Chavez reivindica uma aliança ilimitada, mas que está isolada numa ilha, demasiadamente próxima dos Estados Unidos para poder exercer a sua influência, a Venezuela está numa posição estratégica para minar todo o norte da América do Sul, e tendo os recursos naturais que dispõe, e principalmente o petróleo, pode facilmente tornar-se uma potência militar, o que tornaria possível o grande sonho de Chavez, ser um segundo Simão Bolívar e conduzir um exército que avançasse até a Argentina, espalhando a sua doutrina aos países deste conturbado continente, cheio de pessoas que muito facilmente o apoiariam. Entretanto os habitantes perdem progressivamente as suas liberdades, conforme os ecos que ouço das pessoas que têm lá família.

E agora, Hugo? Até onde vais, chico?

domingo, março 04, 2007

20. Futurologia

Um conto de ficção cientifica que li à uns anos atrás falava sobre um arqueólogo no futuro longinquo que descobre as ruínas de um edificio do século XX e que começa a fazer as suposições mais disparatadas sobre a nossa cultura face ao que vai encontrando. Género "os hábitos alimentares baseavam-se em tubos de um material pastoso de nome Colgate".

A minha pergunta é: quantas das nossas suposições sobre o que encontramos das civilizações antigas não serão igualmente ridículas? Não seriam eles infinitamente mais evoluídos do que pensamos e estarem igualmente à frente na reciclagem, pelo que não conseguimos encontrar vestígios de maquinaria evoluida?

19. Costumes aberrantes

Sou um apaixonado convicto sobre os costumes antigos, e um defensor acérrimo de todos os que insistem em defender os seus costumes, numa época globalizante como a que vivemos.

O que não quer dizer que defenda "todos" os costumes antigos. Alguns deles são aberrantes, como por exemplo os que se seguem:

(1)

Vi o primeiro costume aberrante num programa que deu à décadas, que falava sobre uma tribo da Indonésia, se não me falha a memória. Nesta tribo havia o costume de, numa determinada festa, e caso faltasse a comida, escolhiam um idoso e comiam-no. Isto tem de ser dito com alguma descrição, porque com a crise que aí vai e com a população idosa que tem este país, de aqui a pouco o governo ainda promulga a canibalização obrigatória.

(2)

Um costume mais soft mas mesmo assim aberrante é o da poliandria, praticado antigamente no Tibete. Li sobre isso no livro Sete Anos no Tibete, livro fantástico que nem o Brad Pitt conseguiu estragar com a sua adaptação ao cinema. A poliandria é o contrário da poligamia, ou seja, uma mulher casada com vários homens. Pelo que estava descrito no livro, as propriedades passavam pelo lado feminino das famílias, pelo que uma família com dois filhos, a única forma que tinham de garantir que as terras permaneciam na família era de casar os dois homens com a mesma mulher.

(3)

O Estado Português pretende taxar doações superiores a 500 Euros com 10% de imposto de selo. Isto creio que não fica atrás dos outros costumes aberrantes e fará rir os historiadores no futuro.

18. Surfing aos setenta

Por vezes existem relatos de pessoas que nos tocam, pessoas que saem da rotina casa-trabalho-filhos-contas por pagar. Entre elas, temos Pedro Lima, que foi um dos pioneiros do Surf em Portugal e que aos setenta ainda é praticante, tanto do surf como de mais um conjunto de modalidades desportivas. Ouvi-o na rádio, no outro dia e deu-me que pensar. Por um lado temos as pessoas que chegam a uma certa idade e se põem numa prateleira, sentindo que não têm mais nada para dar aos outros, que não têm lugar na nossa sociedade. Outros, como o Pedro Lima, recusam-se a entregar as armas e servem de modelo para um perpétuo espírito jovem.

É triste quando na nossa sociedade de consumo onde os Pedros Lima não abundam, se consideram as pessoas de idade como fardos. A ser possível, deveriamos fazer como fazer nas tribos indigenas, onde os anciãos têm lugar de destaque na tomada de decisões, dada a sua maior experiência e pelo facto dos anciãos servirem de veículo de transmissão da sua cultura.

Portanto um grande cumprimento para o Pedro Lima e todos os outros jovens de espírito.

17. Discussões Teológicas à Lareira

Dizia um livro sobre boas maneiras que existem temas que não devem ser abordados à mesa, como por exemplo a política, desporto e religião. O que deixa muita margem de manobra. Quanto à religião tive um exemplo prático disso na semana passada.

Mas vamos por parte. Sou Católico de pai e mãe, não praticante por opção. Já li a Biblia, e reconheço da importância da mensagem contida tanto no velho testamento como no novo testamento. Acredito na existência de Deus, mas sou contra as religiões institucionalizadas. A experiência de Deus deve ser vivida interiormente, como algo intímo. Não sinto a necessidade de ritualizar essa experiência numa Igreja qualquer. No entanto as minhas convicções não me proibem de fazer com que a minha filha frequente a catequese, onde sou sistematica e quase violentamente repreendido por não ser praticante. Existe ou não neste país o direito à liberdade religiosa? Nessa perspectiva, tenho ou não o direito de viver Deus como eu quiser?

Claro que fazer a catequista da minha filha entender isto, creio que é coisa que só uma lobotomia resolveria.

Porque a questão central sobre a religião é: se existe Deus e é único porque razão existem tantas religiões, cada uma progagando a Verdade? Se é verdade que o Deus das três religiões principais, o Judaísmo, o Islamismo e o Cristianismo, é o mesmo, porque razão divergem tanto (pelo menos o Islamismo das outras duas).

De qualquer forma, esta discussão veio à baila durante um jantar em família. A minha sogra, já próxima dos sessenta anos e com uma fé inabalável, defendia a sua forma de ver os mistérios da fé e em concreto da Virgem, tecendo teorias fariam corar qualquer ateu de vergonha.
A meio da discussão, vejo-me na obrigação de repôr a verdade dos facto segundo o que me lembrava, fazendo depois uma referência sobre a minha forma crítica de ver a Igreja. A meio, e vendo a pobre senhora completamente agoniada, depreendi que quem escrevera o livro a recomendar que não se tocasse no assunto da religião à mesa estava certo. Mais: crescera em mim um certo sentimento de culpa - que justificação moral tinha em estar ali a destruir as convicções religiosas de alguém, que tinha a liberdade religiosa que eu tanto prezava?

Que importava em estar para alí a explicar que não existiam duas entidades "Virgem Maria" e "Nossa Senhora de Fátima", mas que se referiam à mesma entidade? Até podiam ser três entidades, eu não tinha o direito de me meter nas convicções religiosas de alguém, pelo mesmo motivo pelo qual eu não tenho o direito de ir para dentro do campo no meio de um jogo de futebol, não reuno nenhuma das caracteristicas que me fariam entrar a meio do jogo, a saber: não gosto de apitar, sou um péssimo jogador e a nudez não me favorece.

16. O regresso de Chuckie

Não, não vou escrever uma crónica sobre o Chuckie, o boneco assassino (creio que é assim que se chama). Creio que nunca vi semelhante filme. Se vi, não me recordo, o que diz tudo sobre o filme.
Vou falar sobre os anos oitenta, jogos e ilustres desconhecidos.

Quem quer que tenha passado pela fase da adolescência nos anos oitenta jogou de certeza num Spectrum. Todos tinham ou pelo menos conheciam alguém que tinha um Spectrum, e os jogos era conhecidos por todos. Os fãs dividiam-se entre os jogadores, que pegavam num jogo e não desistiam enquanto não o acabavam, pegando depois em outro e por aí adiante, e nos utilizadores que queriam saber como a máquina funcionava. É dificil hoje em dia explicarmos o fascinio que tinha um computador com menos possibilidades que os telemóveis actuais, mas um adolescente na altura tinha a noção de que podia criar jogos e vendê-los. A minha cabeça na altura estava cheia de histórias de rapazes que lia nas revistas, que tinham criado um jogo fabuloso e que tinham ganho muito dinheiro com isso. Por mais que tentasse nunca consegui chegar lá, por muito boas que fossem as minhas ideias, nunca consegui criar nada com a qualidade necessária para ter coragem de mandar para o mercado.

Vinte e cinco anos depois, deparo-me por acaso com a biografia de Nigel Alderton, que aos 16 anos cria o jogo Chuckie Egg, uma ideia simples para um jogo de plataformas que puxava a destreza dos jogadores ao limite e que é ainda hoje um marco na história dos jogos - são raros aqueles jogos que causam o mesmo vicio. Lembro-me de passar as férias de Verão com os amigos a jogar Chuckie, organizando campeonatos que duravam tarde inteiras. De qualquer forma, deparei-me ontem na internet com a história de Nigel, um rapaz inglês que criou o Chuckie e que vendeu a ideia à A&F, uma das muitas empresas que comercializavam jogos na altura.

Nigel fez-me lembrar dos meus sonhos da altura, e como não foram realizados. No artigo que li, apercebi-me de dois factores que levaram a que não tivesse tido sucesso. O primeiro prende-se com o facto de que os amigos de Nigel eram também programadores. É mais fácil conseguirmos um objectivo quando estamos rodeados de pessoas com os mesmos interesses e com os quais podemos partilhar descobertas. Eu estava sozinho e mesmo aqueles que poderiam criar alguma coisa não estavam dispostos a isso - dava muito trabalho e em Portugal não havia um mercado para comercializar o produto. E este é o segundo ponto. Nem nessa altura havia empresas apostadas em pegar em ideias de jovens e comercializa-las. Hoje em dia o panorama melhorou, principalmente porque a Internet abriu os mercados. É mais fácil um programador português colaborar com uma empresa de um outro país do que na altura.

Depois do Chuckie, Nigel criou o Commando, uma versão em formato jogo do filme com o mesmo nome, que fez algum sucesso mas nada que parecesse o sucesso que teve a sua ideia original. Depois disso desapareceu do mapa. Não encontro nada sobre ele na Internet.
Quantos programadores este país não terá perdido porque não havia ninguém decidido a apostar neles?

Mais do que combater o deficit com medidas castrantes, porque não promover a criatividade individual daqueles que querem criar algo para fazermos aumentar o PIB e deixarmos de ser tão dependentes das ideias dos outros que estão lá fora têm?

domingo, fevereiro 25, 2007

15. Talento ou Não Talento, eis a questão

Sempre me perguntei que coisa misteriosa será essa do talento. Salvo expepções, todos temos duas pernas, dois braços e uma cabeça. Somos divididos em dois grandes grupos, homens e mulheres. Podemos ser brancos, negros, vermelhos ou amarelos. Mas no que realmente interessa, somos todos iguais.

E mesmo assim só existe um punhado de pessoas a quem reconhecemos uma qualidade única a que chamamos talento. Uma qualidade que os faz sobressair dos demais, que fazem tudo, que se esforçam até cair para o lado, mas que nunca chegam lá.

Vem isto a propósito de uma conversa que tive com uma pessoa que conhecia um futebolista que tinha passado pela escola do Sporting e que tinha sido colega do Cristiano Ronaldo. Dizia ele, das centenas de rapazes que passavam por lá, só alguns tinham o talento do Cristiano. Pelo que já li sobre o Cristiano, ele só pensa numa e numa única coisa, na bola. Nos treinos era sempre o que se esforçava mais, porque fazia a única coisa que gostava. E esta é uma qualidade de quem cultiva um determinado talento, porque acredito que o talento, embora exista, tem de ser cultivado, tem de poder crescer.

Portugal só é um país de grandes futebolistas porque é um desporto barato e que pode ser começado cedo sem grande esforço financeiro. Somos um país de grandes corredores e ciclistas pelo mesmo motivo, mas já não temos grandes tenistas nem golfistas. Pelo menos que sejam capazes de competir ao mais alto nível.

Nos outros campos passa-se exactamente o mesmo. São muito poucos os talentos reconhecidos neste país porque são poucos os que conseguem fazer crescer o seu talento. Normalmente só se torna realmente bom quem vai para fora, e não vejo em que isso favoreça o nosso país - pelo contrário.

Curiosamente, poucos dias depois desta conversa deu um programa num sobre antigos futebolistas, talentos promissores há dez anos atrás que por algum motivo sairam do futebol ou foram para equipas menores. Muitos deles colegas do Cristiano.

O caso mais triste era o do guarda-redes, de quem já não me recordo o nome, e que em 2000, tinha o sonho de estar na baliza de uma grande equipa. Em 2007 está detido, no 3º ano de uma pena por assalto à mão armada. Segundo ele, bastou uma decisão mal tomada, um enveredar por más companhias, para se perder um sonho. Resta-lhe o facto de ser guarda-redes no campeonato prisional.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

14. 3x7=21

Primeiro post de 2007. Ter pouco tempo dá nisto. Só ganhei vontade de escrever quando ouvi uma versão techno da "Silent Night". Embora em Fevereiro, senti-me a acordar de uma longa letargia e dizer "Porra, tenho de postar alguma coisa antes do fim do ano!"

Portanto lá vai, e desta vez voltamos à matemática e aos números estranhos. No ano passado, tivemos em Junho o dia 6. Conforme é tradicional - todos os anos existe um dia 6, mas o dia 6 de Junho de 2006 é , segundo dizem, especial. Na bíblia é o número da besta, o que significa que havia uma grande probabilidade de o mundo acabar. Mas não. O único facto realmente importante que aconteceu nesse dia é que coincide com a data de emissão do meu Bilhete de Identidade. Se isto tem a ver com alguma premonição ou não, nunca saberei (ah ah ah! - gargalhada sinistra).

Em 2007, teremos o menos fatídico 7-7-7, que será também lembrado por dois factos lendários: o dia do casamento da minha prima e o lançamento do 7º livro e último livro da saga do Harry Potter. O que os dois acontecimentos têm comum? Duas mulheres que escolheram uma forma simples de nunca ninguém se esquecer do dia mais importante das suas vidas.

sábado, dezembro 02, 2006

13. Crónicas de um Mau Português

Não reuno os pré-requisitos para ser um bom Português. Senão vejamos: em primeiro lugar, não cuspo nem deito lixo para o chão. Claro que o Português também não o faz, atira para o ar, e qualquer coisa estranha atira o lixo e o escarro para o pavimento. Dizem que é a lei da gravidez, mas não acredita... e além disso a culpa é sempre dos outros...

Em segundo lugar, e para espanto de muitos, nunca fui ao Algarve (sim, sou eu...). Conheço Portugal de Norte a Sul, mas nunca passei de Odemira. E sim, continuo vivo. Se calhar até para os Ingleses e Alemães devo ser um fenómeno.

Em terceiro lugar, e também para espanto de muitos, e a falha mais grave apontada, é o facto de ligar pouco ao futebol. Enquanto que o Português médio sabe todas as estatísticas sobre todas as equipas desde a super-liga até ao campeonato regional. É genético. O interesse pela bola varia consoante o interesse dos próprios pais (e não digo aqui "pai", porque existem mulher doidas pela bola, poucas, é certo, mas é como dizem das bruxas, "pero que las ay, ay...").

Sou Benfiquista porque desde a escola ficou bem claro que perderia precocemente os dentes caso não fosse de uma equipa qualquer, alinhando pela claque mariquinhas. Mais por isso do que por outra coisa quaquer, escolhi uma equipa do cardápio - naturalmente a que estava a ganhar o campeonato. Se repararmos coneguimos à partida definir a opção clubistica de alguém pelo seu escalão etário ( a ser verdade, o Benfica arrisca-se a ser um clube do 8 e dos 88 anos).

Vou contar as minhas idas ao futebol. Aquilo que encheria várias bíblias no português dito "normal", no meu caso resumen-se a 2 parágrafos.

Fui a primeira vez ao futebol ao velhinho estádio da luz, Benfica - F.C.P., Super-taça Cândido de Oliveira. Fomos numa carrinha de emigrantes, eramos 13, eu devia andar pelos meus 15 anos. Estacionámos a carrinha em frente ao estádio e como bons portugueses "abancámos" ali mesmo. Puxámos de um assador de 4 pernas ao qual faltava a 4ª perna e que por isso equilibramos em cima de uma pedra e escolhemos uma vítima para assar as ditas febras. Tudo correu bem enquanto o tipo encarregado de vigiar o assador não virou costas. Assim que o fez o assador tombou e como a relva estava seca pegou fogo de imediato. Cena seguinte, todos feitos malucos para impedir que o fogo chegasse aos outros carros.

Outras impressões desse dia: a grandiosidade do estádio, um maluquinho do Porto sentado no meio da claque do Benfica que se levantava aos berros sempre que o Porto partia para o ataque (havia formas mais simpáticas de cometer suícidio, mas aquilo era para a Super-taça, pelo que era a feijões). No fim ajudámos uma senhora a sair do parque de estacionamento. Pegando literalmente no carro em mãos, com a senhora lá dentro. Neste momento ela deve estar a contar a experiência no seu próprio blog (ou talvez não, é capaz de haver coisas mais interessantes para fazer a esta hora, como dormir).

Na minha segunda ida, o destino foi o estádio novo do Braga, com o meu patrão acompanhado pelo pai e um amigo, ambos com problemas de saúde. Já não consegui ficar em frente ao estádio, mas sim a quase 2 Km de distância, mas havia outras diferenças nítidas. A primeira é que o estádio do Braga não tem a oponência do estádio da luz. Falem o que falarem, mas o estádio é feio e não proporciona um bom espectáculo. Original talvez seja. Depois tivemos de subir quase um monte todo até chegarmos à entrada.

A parte hilariante foi que na descida, com milhares de pessoas a descer, deixei cair a chave do carro no caminho. Como sempre, uma pessoa só sabe das más notícias no fim, quando cheguei ao carro que tinha ficado quase a 2 km. Voltei para trás (e neste momento o pessoal já tinha ido todo embora), encontrei a chave no caminho por onde tinham passado quase 20000 pessoas e voltei para trás outros 2 km. Ainda dizem que assistir a jogos de futebol não cansa, safa!

domingo, novembro 26, 2006

12. Dicionário XXX

Reparei ontem que as coisas a que damos mais importância, e que por isso são mais faladas, têm tendência a ganhar mais sinónimos e calões.

Querem uma prova? Comecemos pelo verbo trabalhar. Querem uma palavra semelhante? Tarefa. Que em espanhol se diz "tarea", termo do qual deve vir o nosso termo "tareia". Os ingleses têm um termo igualmente pejorativo, "job", o qual deve ter vindo do personagem mais azarado da Biblia.

Como sinónimo de beber, temos ingerir, emborcar. A palavra comer é mais trabalhada - voltamos a ingerir (o que significa que beber ou comer é a mesma coisa), morfar, meter para o bucho, etc... Podemos inclusivamente ter termos especificos do género pequeno-almoço, almoço, lanche, jantar e ceia. Podemos especificar ainda mais e arranjamos termos como a consoada.

Ou seja, gostamos mais de comer e beber do que trabalhar, o que não é novidade nenhuma.

O grande campeão é, sem dúvida alguma, o sexo. E daí o XXX no nome deste post.

Temos para começar a expressão "relações sexuais". Para resumir "ter sexo" ou "ter relações" é basicamente a mesma coisa, pelo que a expressão "A Alemanha tem boas relações com Portugal e Itália" ganha contornos duvidosos.

Depois temos expressões como "ir para a cama". Quantas vezes não terá a esposa desconfiada perguntado "Já foste para a cama com a Maria?", ao que o marido responde negativamente, aliviado por não ter de mentir. Afinal a queca tinha sido na mesa da cozinha.

A expressão "dormir com" também é curiosa. A mesma esposa pode perguntar ao marido se dormiu com a Maria, e o mesmo marido teria a mesma resposta negativa, porque aquilo tinha sido coisa para uma meia hora que não lhe tinha dado motivos para ter sono, muito pelo contrário...

Existe um cruzamento curioso entre o sexo e a gastronomia – quando dizemos “comer a Maria”, ou “papar a Maria” estamos a falar de sexo, mas quando usamos a expressão “jantar a Maria” ou “almoçar a Maria” estamos a falar de canabalismo, puro e duro.

Continuando com a gastronomia, porque razão é que um queque é um bolo, enquanto que uma queca é uma coisa completamente diferente? Basta ver a diferença nas receitas: se um queque leva farinha, manteiga, água e açucar, já a famosa queca leva um jantar à luz das velas, música romântica, uma garrafa de vinho e uma superficie confortável...

A expressão "dar uma", abreviatura de "dar uma f..." ou dar uma queca", evidencia que a pessoa em causa está perfeitamente ciente do seu potencial, pondo logo de parte a hipótese de "bisar".

Até a própria expressão "fazer amor" é algo contraditória, porque quando chegam a esse ponto as pessoas envolvidas já ultrapassaram nitidamente a fase da indiferença, ou seja, vão fazer algo que já têm. Alguns inclusivamente dizem "fazer O amor", como se fosse uma experiência religiosa e disso dependesse a sua existência.

Os brasileiros podem gostar muito de samba e futebol, mas transar também é com eles. O que me faz pensar que, se comilão é uma pessoa que come muito, uma transacção deve ser uma grande f...

Não posso usar a palavra toda, mas a f... está na boca de toda a gente. Um autêntico broche universal.

Temos ainda a palavra fornicação. Que é uma f... culta.

Se entrarmos pelo sector da cutelaria, temos a célebre "facadinha" no matrimónio. Porquê facadinha e não garfada? Ninguém me tira da cabeça que este termo teve origem em Guimarães. Talvez o D.Afonso Henriques. Não, não podemos ir tão longe. Esse não seria uma simples facadinha, mas uma espada, e das grandes.

E já agora, quem inventou os termos "Aventura" e "Caso"? O primeiro parece ser o título de um livro para adolescentes, "Uma aventura na Quinta" deve ser um treino para uma orgia. E um "Caso" cheira a algo policial, ou seja a coisa deu para o torto. Ainda quanto ao "caso", os ingleses têm uma palavra semelhante, "affair", de "he is having an affair with Maria" ou seja, "ele está a ter um caso com a Maria". Chamem então a porra do CSI...

A coisa assume uma dimensão tal que até a Primeira Vez tem linguagem própria - diz-se que a rapariga foi "desflorada". Ou perdeu "os três".

E por último, o sexo é único pelo simples facto de ter expressões numéricas, como o antigo 69, o qual está na idade da reforma. Hoje em dia está a ser suplantado por novos conceitos como o 699 , cujo grande especialista deve ser o nosso Cristiano R. . (Sem falar no 99, especialidade de um famoso arquitecto de Lisboa, top de vendas no mercado porno).

segunda-feira, novembro 13, 2006

11. Obrigado Sr. Agente

Em Portugal, o limite de velocidade é de 50,90,120, conforme a cantilena que usei para decorar o código de estrada. O problema é que o facto de estar escrito não faz com que as pessoas tenham vontade de cumprir. Ainda por cima os fabricantes de automóveis não ajudam - porque razão constroem carros que vão até aos 250 Km? E ainda por cima é virtualmente impossível irmos só a 50 numa recta, com boa visibilidade e sem carros, quando todos à nossa volta tentam ir a mais de 100. Impossível. Depois há o problema de sabermos identificar correctamente o que é considerado dentro de uma povoação. No Norte, por exemplo, nunca chegamos a estar fora de povoações, pelo que os 90 Km fora das povoações nunca se poderia em regra aplicar. No Alentejo, talvez faça sentido, afinal se formos a cinquenta demoramos um dia até chegarmos a qualquer lado.



Portanto obrigado,Sr Agente, por me lembrar que não se pode ir a 80 dentro de uma localidade. Escusava era de o ter feito por escrito...

domingo, novembro 12, 2006

10. Défice de Criatividade

À semelhança de tudo o que se passa neste país, este blog sofre de um evidente défice de criatividade, que é visível em pequenas coisas que se podem provar facilmente numa pesquisa no Google - dei-me conta disto quando fiz uma pesquisa pelo nome do blog "outro blog". Pelos vistos, deve-me ter saido na rifa a disponibilidade do nome no blogspot.com. Todas as outras combinações parecidas já tinham sido escolhidas.

Outra curiosidade que acentua este défice - a palavra "matematicando" aparece pelo menos uma centena de vezes, e ainda por cima, o raio da palavra usa-se em vários paises. E eu que estava convencido de ter inventado o termo...

Agora só resta atirar-me a um poço. Não, espera..., isso também não é original... portanto só me resta "blogar" até ficar com os dedos em carne viva...

9. Fados

De vez em quando ouvimos falar de histórias, ou fazemos parte de histórias que sabemos nunca mais nos vão largar. Como o caso do Sr. Pizarro, familiar de Luís Pizarro, o mesmo que qualquer Benfiquista deveria conhecer porque dá voz ao seu hino ("ser benfiquista...").

De qualquer forma, o Sr.Pizarro era contínuo no primeiro sítio onde trabalhei em Lisboa. Era uma pessoa singular, que cantava numa casa de fados e como qualquer outro funcionário público gostava de tomar o seu café. Durante o tempo que trabalhei lá, nunca falei muito com ele. Considerava-o uma pessoa muito reservada. Um fim de tarde de Outubro, por altura da Feira de Informática, apanhei o autocarro 57 e sentei-me na última fila. Ao meu lado estava o Sr. Pizarro. Falámos um pouco e combinámos uma ida à casa de fados ouvi-lo cantar - era a minha primeira ida e fiquei entusiasmado com a ideia.

Na segunda-feira seguinte, fiquei abalado com a notícia da morte do Sr.Pizarro, vítima, creio eu, de um ataque cardiaco (mas aqui a minha memória já não é certa).

Outra história que ouvi nesse mesmo local onde trabalhei. A média de idades andaria nessa altura pelos 40 anos. Diziam eles que no ínicio iam todos para a praia. No grupo integrava-se um puto que, embora não trabalhasse lá ia com eles e levava a viola. Chamava-se Luís. Luís Represas.

quarta-feira, novembro 08, 2006

8. Mais Tele-Lixo s.f.f.

Gosto do Tele-Lixo. Quando era puto ainda havia a televisão a carvão,a preto e branco, dois canais. Consumiamos tudo o que aparecia como se não houvesse amanhã. Séries fabulosas que eram vistas por todos porque na realidade só havia um único canal de jeito. O canal 2 era um meio elitista que talvez fosse visto por um punhado de gente que gostava de musica clássica. Eu também gosto de alguma música clássica, mas não a toda a hora...

Ainda hoje quando se falam de programas de televisão que se recordam vem sempre à memória a Heidi e o Marco - já editados em DVD mas sem aquela mística de outrora. Depois haviam as telenovelas, a escrava Isaura, a Gabriela, Roque Santeiro. Lembro-me que o facto de só haver um canal, no dia seguinte à emissão do Roque Santeiro todos comentavam o episódio anterior e repetiam os tiques do Sinhozinho Malta e da víuva Porcina - de facto a televisão fazia com que nos sentissemos numa comunidade de alguma forma mais unida, apenas por termos estado TODOS ao mesmo tempo a ver o mesmo programa. Por algum motivo, até os noticiários eram bons.

Hoje temos quatro canais que competem entre sí por shares de audiência e que em última análise fornecem os indicadores necessários para quem realmente controla as televisões e rádios deste país, as agências de publicidade. Por isso temos filmes de hora e meia com intervalos de três horas.

Só um pensamento paralelo - li algures que no Japão as aulas duram no máximo 45 minutos, o tempo médio de duração de um programa entre dois blocos publicitários, e curiosamente o tempo máximo que uma criança japonesa consegue prestar atenção num determinado assunto.

Não é preciso nada para dizer que existe demasiado tele-lixo, tanto ao nível da produção nacional como internacional. É visível o que os produtores de televisão têm em mente quando fazem um programa - devem pensar algo como "deixa-me lá fazer isto como se fosse para crianças de 4 anos debilóides, afinal eles nunca reclamam para que se faça nada de bem, basta que tenha alguém a cantar aos saltos e faço 400 episódios num mês..."

Só assim se explica o Big Brother e todo o êxito à volta dos Morangos com Açucar e Floribellas - se as pessoas parassem veriam que estão a ser manipuladas, com uma facilidade incrível (a velocidade à qual as pessoas aderem a uma nova moda em torno de um programa televisivo é de tal forma que deviam ser multados).

Era fácil fazermos melhor e termos melhores programas, bastava as pessoas não verem e dizerem não. Não somos obrigados a consumir baboseiras. Assim os shares de audiência baixavam. Claro que isto é demagogia - na realidade espero ansiosamente pelo novos records de mediocridade que decerto vamos bater nos próximos tempos.

Gosto de tele-lixo. Já fui viciado em televisão, mas agora sei que posso dedicar-me a outras coisas com a consciência tranquila- não há nada de interessante a dar em qualquer um dos quatro canais.

sexta-feira, novembro 03, 2006

7. ROFL BOBI ROFL

Esta é para menores de 18 anos (e para outros utilizadores frequentes do messenger e dos SMS).

como e q estas :) ? este artigo e escrito por 1 pessoa q n sabe mandar 1 sms num tlm.

LOL!

o pior e q nao tem ideia do que deve escrever aqui pq está sem ideias :( .

ROFL



TPC (*):

LOL - "Laughing Out Loud" (Gargalhadas Sonoras)
ROFL - "Rolling Over Floor Laughing" (Rolando pelo chão a rir-se)

---

TPC - Tradução Para Cotas

6. Matematicando

Mandaram-me isto há algum tempo atrás. Tem alguma piada.

1 x 8 + 1 = 9
12 x 8 + 2 = 98
123 x 8 + 3 = 987
1234 x 8 + 4 = 9876
12345 x 8 + 5 = 98765
123456 x 8 + 6 = 987654
1234567 x 8 + 7 = 9876543
12345678 x 8 + 8 = 98765432
123456789 x 8 + 9 = 987654321

1 x 9 + 2 = 11
12 x 9 + 3 = 111
123 x 9 + 4 = 1111
1234 x 9 + 5 = 11111
12345 x 9 + 6 = 111111
123456 x 9 + 7 = 1111111
1234567 x 9 + 8 = 11111111
12345678 x 9 + 9 = 111111111
123456789 x 9 +10= 1111111111

9 x 9 + 7 = 88
98 x 9 + 6 = 888
987 x 9 + 5 = 8888
9876 x 9 + 4 = 88888
98765 x 9 + 3 = 888888
987654 x 9 + 2 = 8888888
9876543 x 9 + 1 = 88888888
98765432 x 9 + 0 = 888888888

1 x 1 = 1
11 x 11 = 121
111 x 111 = 12321
1111 x 1111 = 1234321
11111 x 11111 = 123454321
111111 x 111111 = 12345654321
1111111 x 1111111 = 1234567654321
11111111 x 11111111 = 123456787654321
111111111 x 111111111=12345678987654321

Sobre isto tenho três questões:

(1) Quem é que tem tempo para descobrir estas coisas?

(2) Somos pagos para descobrir estas coisas?

(2) Quanto $$ ?

quinta-feira, novembro 02, 2006

5. Sotaque

Tenho duas questões complicadas que me atormentam a consciência durante os últimos dez minutos.

1.

A primeira tem a ver com o sotaque. Expliquem-me porque razão um inglês pode passar toda a vida no Algarve e regressar sem qualquer rasgo do típico sotaque algarvio, enquanto que um português que vá passar uma semana a França, quando regressa já não passou uma temporada em França, mas num mítico país chamado Frrrrrrrrança. Além disso já esqueceu 10% do Português. O que pode fazer com que muito boa gente passe a ter alguma dificuldade em lidar com coisas complexas do dia-a-dia como por exemplo pedir a direcção para a casa de banho mais próxima.

Vem esta banalidade a respeito de Alexandre, um russo que telefonou para a antena 3 durante um programa da Prova Oral dedicado à publicidade (ou melhor, dedicado a um concurso de má publicidade chamado de Cano, onde o prémio principal era uma sanita de ouro...). Ora o Sr.Alexandre tinha de facto um certo sotaque, mas dominava perfeitamente o Português ao fim de apenas 4 anos no nosso país, a ponto de já ter adquirido os nossos tiques. Em duas frases, por exemplo, repetia três vezes "gajo".

Mas vamos à próxima questão...

2.

A segunda questão tem a ver com os açorianos. Porque carga de água põem as televisões legendas quando fala um espanhol e não fazem o mesmo quando fala um açoreano? Serei o único a perceber melhor um espanhol do que um açoreano?

Os açoreanos que me perdõem, porque são fantásticos, e das açoreanas nem se fala...